• Matéria: Português
  • Autor: deuspedro222
  • Perguntado 6 anos atrás

texto>O Brasil da diversidade é, ao mesmo tempo, o país da desigualdade< 1 – A partir da leitura do TEXTO I, só NÃO é possível entender a cultura brasileira como: (A) resultado de um processo em que as características de povos diferentes criaram o brasileiro. (B) fruto de uma mistura étnica na qual não se consolidou a democracia racial e social ao longo dos séculos. (C) conjunto de hábitos, comportamentos, valores morais, crenças e símbolos oriundos da aproximação cordial entre povos diversos. (D) forma de organização social, política e econômica decorrente da contribuição diversificada de diferentes etnias. (E) reunião de costumes, práticas e valores resultante de uma diversidade étnica que poderia compor o chamado caráter nacional.

Respostas

respondido por: 4n0nimus
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Resposta:A cultura brasileira é diversificada, o que não exclui a evidente desigualdade social. A desigualdade social, uma característica marcante de nosso país, é atestada pela evidente hegemonia de uma classe social nos processos de divisão social do trabalho e de divisão da renda, além de fatores como o acesso à saúde, educação, saneamento e segurança.

Apesar de vasta e ampla, a cultura brasileira torna-se símbolo de status para as elites, que selecionam arbitrariamente aquilo que deve ou não ser consumido, relegando o que não foi selecionado para o limbo da produção cultural. Ademais, a nossa rica cultura popular faz contraste ao nosso povo, desprovido, muitas vezes, de insumos básicos para a sobrevivência.

É comum escutarmos que o Brasil é um país miscigenado, de cultura vasta e crenças religiosas sincréticas. De fato, a formação étnica do povo brasileiro ocorreu, primeiramente, com a miscigenação entre povos africanos, portugueses (que já tinham em sua linhagem traços de miscigenação entre povos diversos do continente europeu) e indígenas.

Ao longo do tempo decorrido, desde o início da república, o Brasil recebeu imigrantes italianos, japoneses, alemães e de outros países sul-americanos. Isso somente atesta que, tomando o significado de cultura por uma concepção geral que envolve os hábitos, costumes, a culinária, as crenças e o modo de vida geral de um povo, o Brasil é realmente vasto.

Porém, essa concepção diversa da cultura brasileira pode resultar em um olhar equivocado quanto à não existência de mazelas sociais, como a desigualdade social, o elitismo cultural e o racismo.

Gilberto Freyre, em Casa Grande e Senzala, aponta sua análise sobre a sociedade colonial brasileira para um rumo, no mínimo, estranho: ele fala de uma relação harmônica entre negros e brancos no Brasil Colonial, o que parece ser um eufemismo que relativiza o que realmente aconteceu – a dominação pura e simples de brancos contra negros.

A miscigenação que Freyre utiliza como dado para atestar a sua teoria nada mais foi que fruto de abusos sexuais e estupros de homens brancos contra as suas escravas e contra as mulheres indígenas. Quando se relativiza a dominação branca durante o período colonial, tende-se a apoiar um racismo estrutural que perdura até hoje.

O elitismo cultural (que apesar de toda a vastidão cultural brasileira, existe por aqui) também é fator estruturante para a manutenção das desigualdades sociais que privilegiam etnias, classes sociais e regiões.

Durante muito tempo, a Antropologia formulou teorias que tentaram justificar a existência de culturas superiores e inferiores, de acordo com o desenvolvimento fenotípico dos povos que criaram essas culturas. Uma dessas teorias é o darwinismo social, que passou a ser questionado por Franz Boas, no fim do século XIX, e somente caiu de vez a partir do estruturalismo de Claude Lévi-Strauss.

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