• Matéria: Física
  • Autor: PKPKGP
  • Perguntado 6 anos atrás

Supondo a superfície da Terra um referencial inercial e desconsiderando a resistência do ar, em relação às trajetórias descritas por bombas soltas em pleno voo, de aeroplanos deslocando-se horizontalmente com velocidade constante não nula em relação ao solo, assinale o que for correto sobre essas trajetórias. 01) São sempre retas verticais, independentemente do referencial adotado. 02) Nunca são retas, independentemente do referencial adotado. 04) São sempre retas verticais para um observador em repouso na superfície da Terra. 08) Nunca são retas para o piloto do aeroplano, pois as bombas ficam para trás em relação a ele à medida que o aeroplano se movimenta para frente. 16) São sempre retas verticais para o piloto do aeroplano e nunca são retas para um observador em repouso na superfície da Terra.

Respostas

respondido por: anajuliapiorino
3

Resposta:

Boa tarde,

Tenho acompanhado a discussão a respeito da teoria da Terra plana, que, obviamente, não aceito. Porém, há um ponto insistentemente mencionado por eles, que é o fato de os aviões não realizarem uma correção durante o voo, mantendo-se em trajetórias retilíneas. Em sua argumentação, deveriam inclinar o bico para baixo a fim de corrigir a curvatura “caso a Terra fosse realmente esférica”.

Dessa forma, gostaria de uma explicação que rebatesse essa argumentação, já que meus conhecimentos em Física e Matemática não são suficientes para tanto. Veja que em momento algum ponho em dúvida a certeza da esfericidade, apenas desejo ampliar meus conhecimentos e meu arsenal contra esse mito. Aliás, diga-se de passagem, discutir com terraplanistas é o mesmo que discutir com criacionistas. Em minha opinião, tanto a esfericidade da Terra como a Evolução não contradizem a Bíblia. Esta última, inclusive, chamo, em minha concepção pessoal, de “criação contínua“.

Foi amplamente divulgado pela mídia em 2017 que o cantor terraplanista D Marble viajou de avião com um “nível de mão” ou “spirit level” (aparelho com bolha de ar em álcool para testar a horizontalidade de superfícies, muito utilizado na construção civil), demonstrando que a bolha do aparelho indicou  um voo na horizontal. A conclusão do terraplanista foi de que indubitavelmente a Terra é plana pois o bico do avião não se inclinou para baixo conforme esperado por ele caso a Terra  fosse esférica.

O raciocínio do terra-chato é obviamente equivocado pois o mesmo nível em pontos diferentes da Terra não significa que eles estejam sobre um plano, mas sobre a mesma superfície equipotencial. Somente no caso de ser o campo gravitacional uniforme é que se configuram superfícies equipotenciais planas. Um voo nivelado de longa distância sobre a Terra acontece sobre uma superfície equipotencial curva, muito aproximadamente esférica. Portanto um voo como esse não apresenta rigorosamente uma trajetória retilínea, mas curvilínea, com raio de curvatura maior do que o raio da Terra.

Este raciocínio equivocado sobre nivelamento é recorrente entre os terraplanistas quando afirmam que a superfície das águas não se curva. Tal afirmação também decorre da incapacidade de transcender um empirismo ingênuo (além de serem fideístas e portanto motivados por razões religiosas reacionárias para respaldar tais crenças) na observação de superfícies de líquidos com pequenas dimensões aparentando serem planas.

A resposta dada aqui é constituída apenas pelas conclusões de uma análise cinemática e dinâmica do voo em trajetória paralela à superfície da Terra com velocidade constante em módulo. As demonstrações detalhadas do que aqui está relatado se encontra em um artigo disponível no ResearchGate.

Para tornar a discussão o mais contextualizada possível considerou-se um voo sobre o equador da Terra com a velocidade de 900 km/h (250 m/s) na altitude de 11 km (típicos valores para aeronaves de passageiros).

Inicialmente imaginou-se um voo que mantivesse por 1,0 km a sua direção original, paralela à superfície da Terra. Como esta suposta trajetória é retilínea a aeronave se afastaria, elevando sua altitude, com consequente maior consumo de combustível. Conforme a figura 1 (que não respeita escalas) indica a elevação de altitude ao longo deste trajeto seria de apenas 8,0 cm. Desta forma a correção da altitude poderia ser efetuada com uma breve descida de 8,0 cm a cada deslocamento de 1,0 km. Entretanto tal não é necessário se o vetor velocidade da aeronave mudar de orientação ao longo de 1,0 km por apenas 0,009 graus. Ou seja, como a aeronave voa a 250 m/s, portanto  levando 4,0 s para percorrer 1,0 km, o vetor velocidade do avião deve girar na taxa de 0,0022 graus/s.

Para que o avião descreva a trajetória sempre paralela à superfície da Terra, considerando-se que ele voe sobre a linha do equador, seguindo portanto uma trajetória circular com raio de 6389 km (igual ao raio da Terra acrescido de 11 km) deve a intensidade da força de sustentação do ar na aeronave diferir um pouco do peso da aeronave (a figura 2 representa tal situação). Conforme se demonstra no artigo disponível no ResearchGate esta diferença é menor do que 0,5% do peso. Ou seja, nesta condição dinâmica, em acordo com as Leis de Newton, acontece o voo nivelado na Terra.

Portanto o voo nivelado é perfeitamente inteligível como decorrência da aplicação estrita das Leis de Newton. A alegação dos terra-chatos, motivada por reacionário fideísmo, é sustentada pelo culto da ignorância científica e se constitui em um exercício de dissociação cognitiva. O “experimento” de D Marble tinha a priori seu resultado estabelecido, servindo apenas à causa do terraplanismo em uma perspectiva de viés de confirmação tentando  sustentar uma velha crença desmentida ao longo dos últimos 25 século

Explicação:


motamarialuiza07: afinal qual é a letra?
respondido por: gustavoratiercardoso
2

Resposta:

Letra D (16)

Explicação:

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