como a revolução russa e o comunismo influenciou o brasil dos anos 30?
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Amanhã fará 100 anos que os bolcheviques tomaram o poder em Petrogrado (atual São Petersburgo), a então capital da Rússia, e acabaram mudando drasticamente os rumos da humanidade. Foi o ápice da Revolução Russa.
Numa operação liderada por Lênin e apoiada por operários, camponeses e soldados, os bolcheviques derrubaram o governo provisório em 7 de novembro de 1917 e lançaram o país no socialismo, uma ousada doutrina que prega um mundo sem desigualdade social.
A propriedade privada foi abolida, substituída pela propriedade estatal. Os empresários fugiram para o exterior. As indústrias passaram a ser conduzidas pelos próprios operários. As fazendas mais tarde seriam confiscadas e coletivizadas. O capitalismo, em suma, era varrido do território russo.
— Foi a 7 de novembro de 1917 que chegou ao poder, pela primeira vez na história da humanidade, o proletariado — discursou no Plenário do Senado três décadas depois, em 1946, o senador Luís Carlos Prestes (PCB-DF), o maior nome brasileiro do comunismo (estágio posterior ao socialismo). — A revolução soviética do proletariado levou à liquidação absoluta de toda a exploração do homem pelo homem.
Apesar da ruptura na Rússia, documentos históricos guardados no Arquivo do Senado, em Brasília, mostram que aquele furacão vermelho não sacudiu de imediato o Palácio Conde dos Arcos, que era a sede do Senado, no Rio de Janeiro. Nos papéis que relatam as sessões plenárias de fins de 1917, não se encontra nenhum discurso de senador a respeito da Revolução Russa.
A apatia tem explicação. Àquela altura, o Brasil tinha uma questão doméstica mais urgente. Quando os bolcheviques assaltaram o Palácio de Inverno, em Petrogrado, os senadores estavam integralmente debruçados sobre um projeto do presidente Wenceslau Braz que decretava estado de sítio em todo o país. Fazia poucos dias que o Brasil decidira entrar na 1ª Guerra Mundial, depois de a Alemanha torpedear um navio brasileiro.
O projeto do estado de sítio era delicado porque suspendia uma série de direitos dos cidadãos durante o período de guerra, com vistas a garantir a manutenção da ordem pública.
Anarquismo
Os papéis do Arquivo do Senado mostram que os parlamentares reagiriam aos poucos à Revolução Russa, no decorrer dos anos seguintes, sempre no sentido de impedir que algum levante inspirado na revolução bolchevique pusesse o Brasil no trilho comunista.
Numa frente, os senadores votaram projetos de lei que enquadravam como bandidos os líderes operários com ideias revolucionárias. Em outra frente, aprovaram os primeiros direitos trabalhistas do país, de modo a amenizar a exploração nas fábricas e baixar a fervura das agitações operárias.
Na época da Revolução Russa, o mais próximo do socialismo e do comunismo que existia no Brasil era o anarquismo (doutrina que defende o fim do Estado), disseminado nas fábricas nacionais especialmente por imigrantes italianos e espanhóis. Com o objetivo de esmagar tais elementos, o senador Adolfo Gordo (SP) apresentou dois projetos de lei em 1920.
O primeiro facilitava a expulsão dos estrangeiros “nocivos à ordem publica ou à segurança nacional”. O segundo previa o fechamento dos sindicatos que incorressem em “atos nocivos ao bem público” e a prisão das pessoas que incitassem crimes “com o fim de subverter a atual organização social”.
— Na formidável luta que movem contra o anarquismo, os Estados modernos promulgam numerosas leis especiais definindo os seus crimes e cominando penas severíssimas, inclusive a de morte — argumentou Gordo, impedido pela Constituição de 1891 de incluir a pena capital em seu projeto.
Insuflados pelos anarquistas, os trabalhadores da nascente indústria brasileira já haviam mostrado a patrões e governantes que, se quisessem, também conseguiriam fazer uma revolução. Em julho de 1917, às vésperas do clímax da Revolução Russa, uma greve geral paralisou São Paulo, deixando a cidade ingovernável por vários dias. Em novembro de 1918, uma insurreição semelhante explodiu no Rio — esta, sim, espelhada nos bolcheviques.
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