• Matéria: Português
  • Autor: aninha4249270
  • Perguntado 6 anos atrás

TEXTO 1

E agora Mané?

A luz acabou, o HD travou, a memória

sumiu, a torre queimou…

E agora Mané?

E agora você.

Você que se diz um wan expert,

Você que se diz o melhor da Internet,

Você que diz que tudo é possível…

Você começou agora termine.

E agora Mané?

Está sem sistema, está sem programa, está

sem sinal.

Já não pode acessar, já não pode logar,

jogar já não pode,

O boot falhou, a placa quebrou e tudo

pifou, falhou, corrompeu…

E agora Mané?

Com o mouse na mão quer abrir a pasta…

não existe pasta.

Quer salvar o arquivo… arquivo não há

mais.

Mané, e agora?

Se você reinstalasse, se você atualizasse,

se você ignorasse…

A tela sempre lhe dá a mesma informação:

erro fatal!

E agora mané?

Sozinho, sem dados, sem backups

recentes…A luz acabou, a esperança também… o

que resta mané?

Memória se foi e você se pergunta: o que

eu lhe fiz?

Sem amor, sem amigo, sem comparsa, sem

computador…

Você se deleta Mané.

Mané, pra qual bin?

Bruno de Andrade, 14 anos, da Fundação

Osório. O Globo, Megazine, 21 de abril de

2009.


TEXTO 2

José

E agora, José?

A festa acabou,

a luz apagou,

o povo sumiu,

a noite esfriou,

e agora, José?

e agora, você?

você que é sem nome,

que zomba dos outros,

você que faz versos,

que ama, protesta?

e agora, José?

Está sem mulher,

está sem discurso,

está sem carinho,

já não pode beber,

já não pode fumar,

cuspir já não pode,

a noite esfriou,

o dia não veio,

o bonde não veio,

o riso não veio,

não veio a utopia

e tudo acabou

e tudo fugiu

e tudo mofou,

e agora, José?

E agora, José?

Sua doce palavra,

seu instante de febre,

sua gula e jejum,

sua biblioteca,

sua lavra de ouro,

seu terno de vidro,

sua incoerência,

seu ódio — e agora?

Com a chave na mão

quer abrir a porta,

não existe porta;

quer morrer no mar,

mas o mar secou;

quer ir para Minas,

Minas não há mais.

José, e agora?

Se você gritasse,

se você gemesse,

se você tocasse

a valsa vienense,

se você dormisse,

se você cansasse,

se você morresse...

Mas você não morre,

você é duro, José!

Sozinho no escuroqual bicho-do-mato,

sem teogonia,

sem parede nua

para se encostar,

sem cavalo preto

que fuja a galope,

você marcha, José!

José, para onde?


Carlos Drummond de Andrade


lucianamara1508: oi

Respostas

respondido por: jullya62
0

KSKSK ok, mas o que você ficou em dúvida?


aninha4249270: Analisando a linguagem dos dois poemas, qual deles poderíamos dizer que é mais
atual? Retire dos textos trechos que comprovem sua resposta.
aninha4249270: aí a pergunta
respondido por: lucianamara1508
0

é pra responder algo aí? ;-; não achei a pergunta

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