Qual a importância do exame gasometria arterial em pacientes com Covid-19?
Respostas
Um recurso tem se mostrado fundamental para avaliação da condição e para o tratamento dos pacientes com Covid-19: o exame de gasometria. Usado em situações críticas de insuficiência respiratória, é uma solução importante para análise e para o gerenciamento dessa condição. Precisão do resultado, no entanto, depende do seguimento de recomendações de boas práticas para a coleta das amostras, conforme orienta o CLSI.
A gasometria mede o pH e os níveis de oxigênio e de gás carbônico no sangue de um paciente. A verificação dos gases sanguíneos é utilizada para verificar o equilíbrio ácido-base do organismo, diretamente relacionado com a performance pulmonar e metabólica.
Resposta:
O diagnóstico preciso da COVID-19 é dado através do teste molecular para o SARS-CoV-2. No entanto, o médico deverá solicitar exames laboratoriais para auxiliar diagnósticos diferenciais e avaliar o estado geral do seu paciente.
O exame seriado permite acompanhar aparecimento e progressão de disfunção orgânica, e assim acompanhar a melhora ou deterioração clínica.
40 Casos Clínicos de Medicina
Sendo assim, quais exames laboratoriais devem ser solicitados? E o que esperar deles no caso de um paciente infectado com a COVID-19?
Deve-se incluir: hemograma, função renal, enzimas hepáticas, eletrólitos, coagulograma, provas inflamatórias, gasometria arterial, CPK, LDH e D-dímero.
Nos estudos realizados em pacientes diagnosticados com COVID-19, as alterações mais significativas foram no leucograma, nas provas inflamatórias, enzimas hepáticas e D-dímero.
O principal diagnóstico diferencial que o leucograma pode fornecer é indicação de infecção bacteriana, suspeitado quando há neutrofilia com desvio à esquerda. Leucopenia, leucocitose e linfocitopenia têm sido reportados. A linfocitopenia é um achado muito comum, principalmente nos casos mais graves. As plaquetas tenderam ao limite inferior e não houve alterações significativas de eletrólitos (Na+ e K+ principalmente).
Nas provas inflamatórias, a proteína C-reativa estava elevada na maioria dos pacientes, enquanto a procalcitonina se manteve praticamente normal durante a admissão, um achado que pode ajudar no diagnóstico diferencial. Porém naqueles que precisaram ser internados na UTI, os níveis de procalcitonina também tenderam à elevação. É comum a elevação da LDH e ferritina, enquanto a CPK sofreu pouca alteração.
Em alguns pacientes, houve elevação das transaminases, e numa porcentagem muito pequena, alteração da função renal.
O D-dímero tem sido questionado quanto à sua utilização, já que em aproximadamente metade dos pacientes pode estar elevado. Portanto, não deve ser utilizado para avaliar diagnósticos diferenciais com outros quadros pulmonares. Em um estudo pequeno (n=99), no entanto, altos níveis de D-dímero e linfocitopenia severa estiveram associados à mortalidade