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Há uma crise de fundo, base para todas as demais: a de ética, ética que um dia nos salvou a espécie
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A humanidade atravessa atualmente várias crises. A primeira é a de estadistas, políticos generosos, de larga visão dos complexos problemas da humanidade, nos últimos tempos, substituídos pelo gerente pragmático, de visão estreita e de curto prazo, que enxerga a sociedade como mercado, o povo como consumidor e o Estado como empresa. Que ser político é esse? Essa crise é uma das maiores de que se tem notícia. Qual o grande estadista da atualidade? Não se conhece.
A segunda é decorrente da sacralização da economia, uma visão mesquinha que reduz o complexo homem humano ao simplório homem econômico, e tudo ao dinheiro, que desemprega e concentra, faz com que 1% da população mundial detenha mais da metade da riqueza de todos os povos. A terceira é de natureza ambiental. Sempre o homem destruiu, mas agora destrói como nunca, numa escala exponencial e universal.
A quarta relaciona-se à mudança em curso da natureza humana, agora em grave confronto com as tecnologias de ponta, com o sério risco de sua rápida transformação, como nunca se viu no seu longo processo evolutivo. Esta crise já inseriu o ser humano numa nova era, a do antropoceno, o reino da tecnolatria, na qual ele descarta sua própria essência, robotiza-se e se idiotiza ao mesmo tempo, como demonstra sua dependência psíquica aos telefones celulares. Seremos brevemente criaturas androides? É outra ameaça à espécie humana, como vislumbra o físico britânico Stephen Hawking.