• Matéria: Português
  • Autor: rafaela2020s
  • Perguntado 6 anos atrás



Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do

apartamento – mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa

nos jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve

dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã

com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.

Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou

me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do

apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:

– Não é ninguém, é o padeiro!

Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo?

“Então você não é ninguém?”

Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera

bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz

que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “não é

ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não era ninguém...

Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para

explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como

os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre

depois de uma passagem pela oficina – e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares

rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.

Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que

levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o

meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a

lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; “não é ninguém, é o padeiro!”

E assobiava pelas escadas.



atividade: Escreva um parágrafo respondendo a seguinte pergunta:pra você,o padeiro é "ninguém"? explique.​

Respostas

respondido por: isabellahdj
4

resposta:

não.

explicação:

quiz dizer que não era nada mais que o padeiro que imaginou que fosse outra pessoa além do padeiro.

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