Respostas
Resposta:Naqueles tempos, os principais inimigos não eram os soldados do campo oposto. Esses podiam ser vistos por cima das trincheiras. Os piores eram os invisíveis. Micro-organismos que entravam pelos ferimentos, viajavam pela corrente sanguínea, apropriavam-se do corpo inteiro, levando à morte. Contra eles, não havia remédios certeiros — os antibióticos só seriam descobertos em 1928, por Alexandre Fleming. O microbiólogo inglês começou a busca pelos agentes justamente impulsionado pelo grande número de óbitos ocorridos nos quatro anos de batalha devido a machucados infeccionados.
Um dos grandes vilões da guerra foi o tétano. Em 1914, oito em cada 1.000 soldados britânicos contraíam a doença. “Isso fez com que se iniciasse o maior projeto de pesquisa médica de guerra do exército inglês com objetivo de prevenir a enfermidade e também diminuir a alta mortalidade”, conta Dennis Shanks, pesquisador do Instituto Army Malaria, da Austrália. O médico é um dos autores de uma série de artigos publicados na revista The Lancet, em uma edição comemorativa dos 100 anos do armistício.
A vacina antitetânica ainda não existia, e a única arma preventiva disponível era o soro de cavalo — inseria-se a Clostridium tetani, bactéria causadora do tétano, no sangue do animal, que desenvolvia anticorpos. Esse material era, então, injetado nos humanos. Mas o método ainda levantava desconfiança, além do quê não tinha grande eficácia.