Respostas
Explicação:
O fato de a TV Cultura (SP) haver aberto, em sua grade, um espaço ao jornal Folha de S.Paulo, continua a despertar a indignação das pessoas que defendem o que pode ser chamado de “purismo” das instituições públicas de comunicação. A decisão – dizem elas – submete o jornalismo da emissora à influência do mercado. “Em todo mundo, um dos fatores primordiais para a criação de sistemas públicos de comunicação é a necessidade – para o bem da democracia dos países – de um jornalismo independente de governos e do mercado, construído a partir de critérios rigorosos de objetividade” – é o que diz, como exemplo, a jornalista Bia Barbosa em artigo divulgado pela Agência Carta Maior e reproduzido por este Observatório da Imprensa. A cessão do espaço à Folha é o sacrilégio. A divulgação da publicidade de detergentes e das Casas Bahia, nem tanto.
O debate, como se percebe, vai buscar nas entranhas do passado o velho tema – a objetividade em jornalismo – que todos imaginávamos que havia sido sepultado. Se o termo jornalismo dispensa quase todos os adjetivos que lhe são atribuídos com frequência – público, independente, atrelado, de boa qualidade, de má qualidade etc. –, sabe-se também que jornalismo feito com objetividade não existe ou nunca existiu. São os humanos que o produzem. O computador até agora conseguiu produzir dados, que são apenas uma das matérias-primas da informação.
Um passo em direção à diversidade
Jornalismo é jornalismo, é jornalismo. É sempre produzido sob a influência de algo, se não de governos ou de mercados, de alguma instituição pública ou privada, por certo da influência do humano que produz, com sua cultura, seu modo próprio de enxergar os fatos ou de sua carga de subjetivismos. Quando uma dessas influências é deletéria, o resultado deixa de ser jornalismo, transforma-se em picaretagem, em bobagem ou até mesmo em crime contra os direitos do cidadão de serem informados, de modo verdadeiro, de tudo o que afeta ou pode afetar a suas vidas.