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A bolsa de valores é um mercado onde se negociam ativos financeiros. Os investimentos feitos na bolsa, portanto, não têm como objetivo produzir bens ou prestar serviços para a população ou determinado nicho. Os rendimentos dos agentes da bolsa vêm geralmente da própria negociação de papéis, explorando as variações dos preços. A precificação das ações, por sua vez, depende da expectativa que existe sobre uma empresa e seu desempenho no futuro. Como as percepções podem mudar muito rápido, isso abre espaço para uma grande volatilidade.
Mas, além da bolsa de valores, há outros setores da economia que sentem os primeiros impactos do surto da doença. E isso vale para atividades produtivas.
As primeiras áreas que sentem o impacto da disseminação do coronavírus são as que envolvem diretamente viagens. Companhias aéreas têm reduzido o número de voos e registrado quedas nas receitas. O turismo e a hotelaria também têm sofrido com a queda no movimento.
Ao mesmo tempo, setores que dependem de exportação e importação de produtos podem ter suas atividades limitadas em decorrência das orientações de viagens e quarentenas de cidades e países. Assim, pode haver dificuldade de obter materiais que alimentam cadeias produtivas inteiras, travando determinados setores.
O que acontece com o consumo
Boa parte dos países onde a covid-19 se disseminou com mais força optaram por ações de isolamento, e até quarentena. As pessoas têm sido orientadas a ficar em casa e evitar aglomerações.
Economistas ouvidos pelo jornal The New York Times apontam que uma forma de detectar a gravidade da crise é ver como a doença ecoa sobre setores que não estão diretamente ligados à propagação do vírus. O exemplo usado é o da barbearia: quando as pessoas deixam de cortar o cabelo, é um sinal de que os impactos são profundos.
As atividades que envolvem juntar muitas pessoas estão sendo suspensas. Pela Europa, jogos de futebol são jogados com arquibancadas vazias e campeonatos inteiros foram suspensos. A mesma coisa aconteceu nos EUA, onde a NBA – liga americana de basquete – decidiu paralisar a temporada indefinidamente. Da mesma forma, cinemas e teatros têm cancelado sessões. O tradicional carnaval de Veneza também deixou de acontecer.
Mas, além das atividades que envolvem aglomerações, a orientação para ficar em casa e o isolamento dos infectados faz com que as pessoas não saiam de seus lares para consumir. Atividades de lazer são limitadas e compras são reduzidas ou adiadas.
Já quem fica doente fica impossibilitado de trabalhar. Mesmo quando não há casos confirmados, há empresas que incentivam o trabalho remoto. Quando a pessoa fica em casa, isso pode reduzir a produção e as compras que ela faz. Os comércios, portanto, são afetados negativamente em função dos problemas de saúde pública. A economia fica desaquecida e menos dinheiro circula.
O efeito para as empresas
Se diversas firmas têm optado pelo trabalho de casa – o home office –, há empresas que não têm como operar sem funcionários presenciais. Então, quando a doença obriga pessoas a ficar em casa, não é possível manter o nível de produção. É o que aconteceu com boa parte das fábricas chinesas, que ficaram praticamente paralisadas no primeiro momento do surto de coronavírus.
Ao mesmo tempo em que aponta para dificuldades produtivas e uma redução da demanda, o momento não inspira confiança para os investidores arriscarem seu dinheiro. A queda do consumo também leva a uma diminuição das receitas, e muitas empresas podem optar por reduzir atividades, ou até fechar as portas.
A falta de dinheiro entrando pode levar a cortes de funcionários para conseguir manter o negócio aberto. Com a crise instalada e visível, as pessoas podem se resguardar na hora de gastar dinheiro, optando por poupar em vez de comprar, se preparando para cenários pessimistas em que também perdem seus empregos. O efeito negativo pode ser amplificado conforme o consumo cai e as empresas reduzem suas atividades.
Outra preocupação com relação às empresas no cenário pandêmico é o nível de endividamento. A queda das receitas coloca em xeque a capacidade das firmas de pagar e contrair novas dívidas – mesmo em um cenário de juros baixos. Isso significa que as empresas têm um risco maior de quebrar ou ter sua saúde financeira seriamente afetada. Se elas não pagarem suas dívidas, o impacto pode chegar até os bancos, desencadeando efeitos negativos sobre o sistema financeiro.