• Matéria: Filosofia
  • Autor: adirson
  • Perguntado 9 anos atrás

OI PESSOAL ME DÁ UMA AJUDA COM AS PERGUNTAS NO FINAL DO TEXTO.
“Com o capitalismo de consumo, o hedonismo se impôs como um
valor supremo e as satisfações mercantis, como o caminho privilegiado da
felicidade. Enquanto a cultura da vida cotidiana se domina por esse sistema de
referência, a menos que se enfrente um cataclismo ecológico ou econômico, a
sociedade de hiperconsumo prosseguirá irresistivelmente em sua trajetória. Mas,
se novas maneiras de avaliar os gozos materiais e os prazeres imediatos vierem
à luz, se uma outra maneira de pensar a educação se impuser, a sociedade de
hiperconsumo dará lugar a outro tipo de cultura. A mutação decorrente será
produzida pela invenção de novos objetivos e sentidos, de novas perspectivas e
prioridades na existência. Quando a felicidade for menos identificada à
satisfação do maior número de necessidades e à renovação sem limite dos objetos
e doa fazeres, o ciclo do hiperconsumo estará encerrado. Essa mudança
sócio-histórica não implica nem renúncia ao bem-estar material, nem
desaparecimento da organização mercantil dos modos de vida;ela supõe um novo
pluralismo dos valores, uma nova apreciação da vida devorada pela ordem do
consumo volúvel. Muitas são as razões que levam a pensar que a cultura da
felicidade mercantil não pode ser considerada um modelo de vida boa. São
suficientes, no entanto, para invalidar radicalmente seu princípio?

Porque o
homem não é Uno, a filosofia tem o dever de fazer justiça a normas ou
princípios de vida antitéticos. Temos de reconhecer a legitimidade da frivolidade
hedonística ao mesmo tempo que a exigência da construção de si pelo pensamento
e pelo agir. A filosofia dos antigos procurava formar um homem sábio que
permanecesse idêntico a si próprio, querendo sempre a mesma coisa na coerência
consigo e na rejeição do supérfluo. Isso é de fato possível, de fato desejável?
Não o creio. Se, como Pascal, o homem é um ser feito de 'contrariedades', a
filosofia da felicidade tem de excluir nem a superficialidade nem a
'profundidade', nem a distração fútil nem a difícil constituição de si mesmo. O
homem muda ao longo da vida e não esperamos sempre as mesmas satisfações da
existência. Significa dizer que não poderia haver outra filosofia da felicidade
que não desunificada e pluralista: uma filosofia menos cética que eclética,
menos definitiva que móvel.

No quadro
de uma problemática 'dispersa', não é tanto o próprio consumismo que compete
denunciar, mas sua excrescência ou seu imperialismo constituindo obstáculo ao
desenvolvimento da diversidade das potencialidades humanas. Assim, a sociedade
hipermercantil deve ser corrigida e enquadrada em vez de posta no pelourinho.
Num tudo é para ser rejeitado, muito é para ser reajustado e reequilibrado a
fim de que a ordem tentacular do hiperconsumo não esmague a multiplicidade dos
horizontes da vida. Nesse domínio, nada está dado, tudo está por inventar e
construir, sem modelo garantido. Tarefa árdua, necessariamente incerta e sem
fim, a conquista da felicidade não pode ter prazo.

[…]
Lutamos por uma sociedade e uma vida melhor, buscamos incasalvemente os
caminhos da felicidade, mas o que nos é mais precioso – a alegria de viver -,
como ignorar que sempre nos será dada por acréscimo?”

 


1. Identifiquem no texto de Lipovetsky as características negativas e
positivas do que ele denomina cultura da felicidade mercantil.


2. Em que a posição de Lipovetsky se distingue das teorias de Marcuse e Foucault?


3. Posicione-se a respeito da felicidade.




Respostas

respondido por: brendanoronhaj
125
Infelizmente só sei responder a número 3 :s

A Felicidade para uns o desejo, para outros é uma prioridade. Na minha opinião a felicidade reside em pensar no futuro, pois ações feitas no hoje e que são realmente bem pensadas no futuro não trarão contradições de felicidade .Pensando hoje e sendo feliz amanhã .


respondido por: elamambretti
36

Sobre Lipovetsky:

1. Lipovetsky aponta como características positivas na cultura da felicidade mercantil, que até certo ponto, o hiper consumo, possibilitou um certo bem-estar material e cultural, entretanto demonstra que este consumo passou a ser determinante de um modelo de vida, identificada com a satisfação do maior número de necessidades e à renovação sem limite dos objetos e dos lazeres.

2. Marcuse e Foucault, desenvolvem suas ideias sobre a sociedade mercantil, subsidiados no controle sobre o corpo e sobre a sexualidade.

Para Marcuse, a produtividade na sociedade mercantil, exerce uma certa repressão da sexualidade, que ao invés de estar presente em todas as ações humanas prazerosas, passou a momentos isolados e foi reduzida à genitalidade, ao ato sexual exclusivamente.

Foucault  investigou de que  maneira as instâncias do poder atuam sobre o indivíduo para criar modos de agir e de pensar determinando comportamentos de domesticação e docilização do corpo, isto é, pela ação de micro poderes que exercem controle nos diversos campos  da vida social e cultural, atuando na organização do  espaço, no controle do tempo e na vigilância, visando  à padronização de comportamento.

Lipovetsky aponta para a situação paradoxal da sociedade hipermoderna, dividida entre a apologia do excesso e o elogio à moderação, que traz como conseqüência a desestabilização emocional e fragilização do indivíduo.

Face à desestruturação das formas de controle social, tem-se o direito de decidir e fazer escolhas no âmbito de um contexto cada vez mais plural e liberal, mas também nos cabe a capacidade para o exercício do autocontrole e do comportamento individual responsável.

Desta forma, o indivíduo hipermoderno revela-se inquieto diante de um futuro incerto e ambivalente: por um lado é estimulado à valorização de princípios como a saúde, o equilíbrio e a prevenção, por outro, levado pela lógica do excesso, revela comportamentos extremamente excessivos e narcisistas.

3. A felicidade do ser humano deve ser entendida na justa complementação entre a descoberta do ser em si mesmo e na percepção do outro.

Felicidade está na liberdade, na falta de padronização, que permite que a individualidade seja compartilhada, quando as diferenças forem formas de acréscimo e de possibilidades de manifestar nossos desejos e emoções sem críticas determinantes.

Bons estudos!

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