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Resposta:
Leia o texto e responda à questão 16.
O padeiro
Rubem Braga
Levanto cedo, faço minhas abluções,
ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro
a porta do apartamento - mas não encontro o
pão costumeiro. No mesmo instante me lembro
de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera
sobre a "greve do pão dormido" De resto não
é bem uma greve, é um lock-out, greve dos
patrões, que suspenderam o trabalho noturno;
acham que obrigando o povo a tomar seu café
da manhã com pão dormido conseguirão não
sei bem o que do governo
Está bem. Tomo o meu café com pão
dormido, que não é tão ruim assim. Enquanto
tomo café vou me lembrando de um homem
modesto que conheci antigamente. Quando
vinha deixar o pão à porta do apartamento ele
apertava a campainha, mas, para não incomodar
os moradores, avisava gritando:
- Não é ninguém, é o padeiro!
Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia
de gritar aquilo? "Então você não é ninguém?"
Ele abriu um sorriso largo. Explicou que
aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe
acontecera bater a campainha de uma casa
e ser atendido por uma empregada ou outra
pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha
lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a
pessoa que o atendera dizer para dentro: "não
é ninguém, não, senhora, é o padeiro". Assim
ficara sabendo que não era ninguém...
Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e
se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo
para explicar que estava falando com um colega,
ainda que menos importante. Naquele tempo
eu também, como os padeiros, fazia o trabalho
noturno. Era pela madrugada que deixava a
redação de jornal, quase sempre depois de uma
passagem pela oficina - e muitas vezes saía já
levando na mão um dos primeiros exemplares
rodados, o jornal ainda quentinho da máquina,
como o pão saído do forno.
Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele
tempo! E às vezes me julgava importante
porque no jornal que levava para casa, além
de reportagens ou notas que eu escrevera sem
assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu
nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho
na porta de cada lar; e dentro do meu coração
eu recebi a lição de humildade daquele homem
entre todos útil e entre todos alegre; “não é
ninguém, é o padeiro!"
E assobiava pelas escadas.
BRAGA, Rubem. Crônicas I. 28. ed. São Paulo: Ática, 2011 p.
70-71 (Coleção Para gostar de ler)
Questão 16
Em "E assobiava pelas escadas.", a personagem
que assobia era
A) o narrador personagem.
B) alguma empregada.
C) a senhora
D) o padeiro.
RESPOSTA: se for esse a resposta é a D) o padeiro