• Matéria: Português
  • Autor: isa375346
  • Perguntado 6 anos atrás

Claric
sei quantas balas.
Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático
contato com a eternidade.
tinha provado chicles e mesmo em Recife
falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem que
espécie de bala ou de bombom se tratava.
Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para
comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não
e ao sairmos de casa para a escola me explicou:
Quando eu era muito pequena ainda não
Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou
Tome cuidado para não perder, porque
essa bala nunca se acaba. Dura a vida inteira.
Como não acaba? - Parei um instante na
rua, perplexa.
- Não acaba nunca, e pronto.
Eu estava boba: parecia-me ter sido
transportada para o reino de histórias de
principes e fadas. Peguei a pequena pastilha
cor-de-rosa que representava o elixir do longo
prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar
no milagre. Eu que, como outras crianças, às
vezes tirava da boca uma bala ainda inteira,
para chupar depois, só para fazê-la durar mais.
E eis me com aquela coisa cor-de-rosa, de
aparência tão inocente, tornando possível o
mundo impossível do qual eu já começara a me
dar conta
Com delicadeza, terminei afinal pondo o
chicle na boca.
- E agora que é que eu faço? - perguntei
para não errar no ritual que certamente deveria
você começa a mastigar. E al mastiga a vida
inteira. A menos que você perca, eu já perdi
vários.
Perder a eternidade? Nunca.
O adocicado do chicle era bonzinho, nā
podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa
encaminhávamo-nos para a escola.
- Acabou o docinho. E agora?
- Agora mastigue para sempre.
Assustei-me, não saberia dizer por qu
Comecei a mastigar e em breve tinha na bo
aquele puxa-puxa cinzento de borracha
não tinha gosto de nada. Mastigava, mastiga
Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu
estava gostando do gosto. E a vantagem de
bala eterna me enchia de uma espécie dem
como se tem diante da ideia de eternidade
infinito
Eu não quis confessar que não esta
altura da eternidade. Que só me dava era a
Enquanto isso, eu mastigava obedienter
sem parar.
Até que não suportei mais, e, atrave
o portão da escola, dei um jeito de
mastigado cair no chão de areia.
LISPECTOR, Clarice. Aprendendo a Viver. 1 ed. Ri
Janeiro: Roccodigital, 2004. (ebook)
Questão 07
No texto, a história acontece
A) no portão da escola
B) no quarto das irmãs à noite.
C) no trajeto de casa para a escola.
D) na rua enquanto estavam parada​

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respondido por: gigideoliveirasps
2

Resposta:

c

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