A Gripe Espanhola ou a Peste Negra gerou algum tipo de violência sobre algum grupo social? Isso se repete na atualidade com o COVID-19? Comente
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A pandemia do coronavírus guarda semelhanças com a da gripe espanhola, também de alcance mundial, com um impacto devastador: infectou cerca de 500 milhões de pessoas, o equivalente a um terço da população mundial na época, e matou entre 25 milhões e 50 milhões, em geral com 20 a 40 anos, de 1918 a 1920.
Embora em outro contexto histórico – não havia equipamentos de proteção para quem atendia os doentes, as pessoas morriam em geral em suas próprias casas e não se conhecia ainda o material genético dos vírus –, a epidemia de gripe também gerou desorganização econômica e social, já que os portos, o transporte e outros serviços públicos pararam de funcionar.
Existe uma diferença entre as duas pandemias é que em 1919 os médicos diziam que era ineficaz decretar quarentena e fechar fronteiras porque era impossível deter o avanço da doença. Em sua pesquisa sobre a gripe espanhola na capital mineira, Torres verificou que as autoridades tomavam medidas preventivas para não serem criticados publicamente e para a população se acalmar.
A gripe destravou o debate sobre a criação, efetivada em 1919, do Departamento Nacional de Saúde Pública, vencendo as resistências dos estados, principalmente São Paulo, diante da necessidade de coordenar as ações contra a epidemia em todo o país. A gripe espanhola expôs os limites e levou a uma valorização do sistema público de saúde, indispensável para enfrentar uma epidemia, e dos profissionais da área médica, a situação se repete: “Não há leitos suficientes, notificação precisa e acolhimento possível para todos, mas somente o Sistema Único de Saúde será capaz desse enfrentamento, embora não tenha recebido os investimentos necessários nos últimos anos, porque só ele possui tecnologia e histórico de enfrentamento de doenças e epidemias”, “O SUS precisará ser rapidamente revitalizado e entendido como suporte central para quaisquer medidas de controle.”