Respostas
Explicação:
Algumas aranhas machos cortam partes da genitália das fêmeas para evitar que elas tenham relações sexuais novamente, diz um novo estudo.
O comportamento, que garante ao macho a paternidade de toda a cria da aranha, é o primeiro a sugerir que os machos evoluem o comportamento para mutilar as partes externas da genitália das fêmeas.
Publicada no períodico Current Biology, essa descoberta também traz outros detalhes à teoria da seleção sexual – na qual machos e fêmeas de uma mesma espécie competem pelo direito de acasalamento, mesmo que isso leve à morte.
“O tempo todo estamos descobrindo [tais] adaptações novas e surpreendentes,” diz Jutta Schneider, bióloga da Universidade de Hamburgo, que não participou do estudo, mas colaborou com alguns dos autores. “Esta competição tem um poder enorme.”
As aranhas buscam o sexo por maneiras nada convencionais. Elas usam de tudo, desde canibalismo à auto-castração, para arrumar parceiros ou parceiras.
A bióloga Gabriele Uhl e seus colegas da Universidade de Greifswald, na Alemanha, perceberam a situação após examinar amostras de fêmeas de Larinia jeskovi, uma espécie de aranha que cria teias em espiral circular, nativas da Sibéria e do leste europeu. A equipe observou que, após o acasalamento, muitas fêmeas tinham perdido seu scopus, uma região que fica acima da genitália e que se parece com um botão.
Pegos no ato
Para descobrir isso, os pesquisadores pegaram uma L. jeskovi selvagem e a observaram acasalando em laboratório. Quando o macho subiu em uma fêmea virgem com sucesso, os pesquisadores congelaram o casal com jatos de nitrogênio líquido, permitindo verificar microscopicamente a genitália no ato da relação sexual das aranhas.
O congelamento das aranhas durante o ato sexual foi um desafio, pois o ato em si dura apenas alguns segundos. “Tivemos que ser muito rápidos e tivemos muita sorte," diz Uhl.
Uma aranha macho libera seu esperma pelos pedipalpos, dois anexos que se parecem com pernas, perto da boca, e prendem o scopus da fêmea por cima e por baixo.
As análises mostraram que o pedipalpo da L. jeskovi prende e gira o scopus enquanto o macho se solta, cortando-o como se estivesse usando tesouras. Com esse ato crucial, os outros machos não conseguem se encaixar na fêmea, impedindo que ela tenha outro parceiro sexual.