O que explica o fato de Getúlio Vargas continuar a ser referência tão importante, passadas tantas décadas de sua morte?
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Ele conseguiu ganhar a confiança e o coração do povo .
O segundo governo de Vargas foi, portanto, democrático, e ele tentou governar dentro dos limites constitucionais. Todavia, a oposição da União Democrática Nacional (UDN) fez com que esse período ficasse marcado por crises políticas. Antes mesmo de ser empossado, a UDN já criava obstáculos para o político gaúcho.
Nesse governo, Vargas procurou defender uma política econômica nacionalista que dava prioridade para que a exploração dos recursos nacionais fosse realizada por empresas estatais e que o capital estrangeiro tivesse influência reduzida. Também defendia que o Estado deveria interferir constantemente na economia como forma de garantir o desenvolvimento econômico do país.
Procurou aproximar-se dos trabalhadores como forma de garantir sustentação ao seu governo, mas fracassou. A crise política e os ataques da UDN enfraqueceram o governo de Vargas. Em 1954, um dos opositores políticos de Vargas, chamado Carlos Lacerda, sofreu um atentado e descobriu-se que o mandante era o chefe de segurança do palácio presidencial.
Isso foi um verdadeiro escândalo nacional e amplificou a crise do governo. Vargas ficou acuado com os ataques e os pedidos de renúncia. No dia 24 de agosto, em seu quarto no Palácio do Catete, Vargas atirou contra o próprio coração e, assim, pôs fim a sua vida cometendo suicídio. Deixou uma carta-testamento justificando sua ação e defendendo seu governo.
Em um trecho da sua carta testamento, Vargas fala que:
Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate.Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.
O funeral de Vargas mobilizou milhares de pessoas, e o clima de comoção que se espalhou pelo Rio de Janeiro forçou os opositores de Vargas a recuarem. O pivô da crise, Carlos Lacerda, acabou fugindo do Brasil. Depois do suicídio de Vargas, o legado político do varguismo foi continuado por meio de João Goulart, conforme apontam muitos historiadores.