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TROPEIRISMO : essência da vida nos idos do século XVIII no Brasil Colônia, passou por um emaranhado de situações em seus paradigmas econômicos, culturais e sociais que foram construídos e evidenciados ao longo da história brasileira. Entre esses, encontra-se o movimento tropeirista. Essa atividade recebeu o nome de tropeirismo em razão das tropas, que eram constituídas principalmente de muares para serem comercializadas em Sorocaba-SP, onde se realizavam grandes feiras desses animais, o que promovia o comércio de outros produtos, causando grande movimentação nesse povoado que rapidamente prosperava. Além das mulas, a mercadoria mais valorizada na época, os tropeiros (proprietários e/ou condutores de tropas) transportavam também gêneros alimentícios, produtos manufaturados, inclusive os importados da Europa, e também faziam intercâmbio de informações. Devido às transações comerciais de compra e venda de muares destinados ao transporte de mercadorias, realizadas nos centros urbanos que estavam em crescente formação, caso específico dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e por compreender grande movimentação no deslocamento desses rebanhos de regiões distantes, esse movimento tornou-se um importante fator de formação sócio-político-econômica das regiões que abrangeu, razão pela qual é considerado por historiadores como uma das atividades mais relevantes de nossa história. Dentre os diversos caminhos estabelecidos pela atividade tropeira na região sul do Brasil, os de maior relevância são: Caminho do Viamão, Caminho da Vacaria, Caminho das Missões e Caminho de Palmas. As reflexões que se ensejam neste artigo têm em foco o Caminho do Viamão, percorrido pelos tropeiros paulistas, principalmente, que se deslocavam até Viamão – no atual Rio Grande do Sul, para tanger tropas, principalmente de muares, até Sorocaba –Paulo. Essa rota, também conhecida como Caminho do Viamão, Caminho das Tropas, ou ainda, Estrada Real, cortava os campos de domínios português e espanhol, dos atuais Estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná e São Paulo. Ao longo do percurso, do Caminho do Viamão, os pousos dos tropeiros deram origem a importantes cidades como: Viamão, Vacaria, Lages, Rio Negro, Lapa, Balsa Nova, Palmeira, Ponta Grossa, Carambeí, Castro, Piraí do Sul, Jaguariaíva, Sengés, Itararé, Itapeva, Itapetininga, Sorocaba, entre outras. Assim, objetiva-se, neste trabalho, analisar o papel dos tropeiros, por intermédio do movimento ensejado no Paraná, o Caminho das Tropas, como suporte e referência de aspectos sociais, considerando nesse caminho ocorreu um processo de integração e desenvolvimento do estado do Paraná. Para isso, o eixo central da análise questiona se o movimento tropeirista pode ser considerado como uma configuração social dentro do processo civilizatório no Paraná. Para tanto, do ponto de vista metodológico, este trabalho caracteriza-se como uma pesquisa exploratória de cunho documental e bibliográfico tendo, como suporte, as obras do sociólogo Norbert Elias. Acrescente-se a isso que Elias estabelece um novo caminho para analisar a configuração da sociedade. A base para se assumir essa idéia é a de que, como já predisse Elias, quanto mais histórica a sociologia ou mais sociológica a história, mais adequada se torna uma determinada metodologia interpretativa. A conclusão ensejada neste trabalho conduz para o entendimento de que o movimento tropeirista, no Paraná, demonstra que, em virtude da necessidade de paradas para o descanso e de alimentar a tropa e tropeiros, originaram-se povoados, os quais foram se transformando em cidades. Este fato por si só possibilitou, de maneira gradativa, a integração entre as economias regionais e a população brasileira, constituindo-se, um dos elementos essenciais de uma estrutura organizacional que se apresenta em diversas formas de inter-relacionamentos ou entrelaçamentos sociais que permitem melhor compreensão do processo de transformação social. Palavras-Chave: Tropeirismo – Caminho das Tropas – Processo Civilizador.