Respostas
Na frase "Duas coisas sempre enchem a alma de admiração e veneração novo e crescente, quanto mais frequentemente e por mais tempo o reflexo é ocupado deles: o céu estrelado acima de mim, e a lei moral em mim", Kant expressou sua doutrina de sublime e o fundamento da lógica do irracional na Crítica do Julgamento.
Nas páginas finais da Crítica da Razão Prática Kant explica por que o céu estrelado e a lei moral preenchem o espírito de admiração e veneração. Kant afirma, o céu estrelado e a lei moral também não são algo a se buscar supostamente como se fossem algo obscuro ou transcendente, mas pelo contrário, apresentam-se ao homem com a "consciência da sua existência"
Kant está, portanto, afirmando que esses dois objetos de admiração e veneração são imediatamente apresentadas ao sujeito em sua interioridade, em suma, eles se referem ao que virá na Crítica do Julgamento definido como sentimento vital através do qual a alma torna-se consciente de seu estado.
Bons estudos!
Resposta:
Que é possível construir sentenças morais como válidas, calculáveis, certas e universalizáveis
Explicação:
Kant escreveu sua obra sob impacto da contribuição newtoniana à Física. Segundo Ilya Prigogine, Newton derrubou a interdição aristotélica que dividia o mundo lunar (a certeza matemática observável nos fenômenos astronômicos regulares) do mundo sublunar (a incerteza observável nos fenômenos terrestres... submetidos à decadência, degradação, corrupção ao longo do tempo). Newton conseguiu com os principios da ótica, com a lei da gravitação universal e outras das suas contribuições teóricas descrever uma série de fenômenos físicos sublunares regulares e matematizáveis (submetidos ao cálculo matemático); descobrindo assim a regularidade matemática em fenômenos físicos válidos, tanto na observação de fenômenos astronômicos, quanto em fenômenos terrestres. Suas leis físicas eram portanto… universais. Conseguiu inclusive fundar a disciplina do cálculo matemático (inaugurando a matemática com a qual se inicia seu ensino em nível superior). Kant empreendeu o mesmo tipo de esforço só que no campo da Filosofia Moral… buscou construir uma lei universal para a justificação filosófica das escolhas racionais de ação humana e seu comportamento. Para Kant, as escolhas individuais são submetidas ao seguinte cálculo ético: universalize o comportamento que você está julgando; se todo humano se comportar dessa forma e isso resultar em um mundo melhor… então essa é uma lei universal de conduta. Por exemplo… devo mentir ou não? Se todo mundo mentisse… como ficaria o mundo? Melhor, pior? Certamente pior! Então, as escolhas individuais devem ser justificadas em cálculos de universalização da ação prática. O cálculo racional kantiano está justificado em princípios para a ação, e as sentenças racionais kantianas se tornam assim imperativas... são portanto imperativos categóricos para todas as ações similares. Muito diferente do cálculo racional utilitário muito utilizado por economistas e cientistas políticos nas últimas décadas do século XX. Diametricamente opostos a Kant, estes últimos são alinhados à forma de justificar ações de Jeremy Bentham, o qual considera racional a ação submetida à ponderação das consequências. Em resumo, Kant se inspira na episteme newtoniana (da certeza do cálculo) e se opõe a episteme benthamiana (da incerteza das probabilidades). Nesse debate de sua época, ele construiu um sistema de fundamentação e julgamento original das ações práticas humanas com base na racionalidade e certeza do cálculo de sentenças universais. Kant alega que para a fundamentação da razão prática, as únicas coisas que podemos escolher (ter certeza) são os princípios da ação, já que o curso (meios) e consequências (fins) das nossas ações no mundo escapam ao nosso domínio e controle (são incertos).