• Matéria: História
  • Autor: ailladasilvasilva
  • Perguntado 6 anos atrás

Antes de ocorrer a industrialização na Rússia,como a economia era articulada?​

Respostas

respondido por: mikaellesouza5
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Para entender a Revolução Russa em seu contexto de época é preciso que se leve em conta as condições históricas vigentes na Rússia envolvida na I Guerra Mundial, que levaram à eclosão de um processo revolucionário naquele país.

O ano de 1917 começara, na Rússia, com o pipocar de manifestações, greves, atos de insubordinação militar que conduziram, muito rapidamente, à implosão da ditadura do tzar Nicolau II – uma velha monarquia – em menos de uma semana, em fevereiro.

Naquele ano de 1917, com a Rússia em plena guerra de rapina, ao lado de potências europeias, no mês de fevereiro [março no calendário ocidental], as mulheres saíram às ruas em passeata de luta e de protesto; foi o estopim para que um incêndio social se multiplicasse no campo e nas cidades. Como parte desse processo de rebelião urbana e também rural contra o poder do imperador (tzar), formaram-se por toda a Rússia, a partir dali, assembleias de trabalhadores, soldados e camponeses que tomaram a forma organizada de sovietes (palavra russa para conselhos), isto é, organismos democráticos de representantes dos trabalhadores e soldados eleitos pela base, nas fábricas, unidades produtivas e batalhões.

A Rússia estava envolvida até o pescoço, na carnificina mundial que já durava mais de três anos.

Ela era, de longe o país mais devastado pela I Guerra: suas contradições sociais, seu impasses históricos eram mais agudos. As baixas de guerra, que se contavam aos milhões, eram as mais elevadas, e as deserções começavam a ocorrer em massa.

Na Rússia havia – ao contrário de outros países em guerra – um partido revolucionário, inserido na classe trabalhadora, contrário à guerra, a favor da imediata entrega de terras aos camponeses e, a partir da chegada de Lenin, em abril, a favor do “todo poder aos sovietes” e com estratégia e projeto para vencer; este foi o elemento que fez toda a diferença nos marcos daquela irrupção revolucionária de massas. Passa por aí a discussão sobre a Revolução de Outubro, e não pela explicação reducionista de certos autores que só querem levar em conta o atraso, a indigência nacional e a fraqueza política do imperador antes, ou do governo liberal de Kerenski depois.

Outros países – em diferentes momentos históricos - atravessaram crises políticas iguais ou piores naqueles tempos, com processos revolucionários, nos quais a burguesia terminou prevalecendo. Nos nossos dias também ocorreram fracassos como na Grécia de 2015, Portugal de 1974 ou o Chile de 1973.

Ali, no entanto, os sovietes, liderados pelo partido bolchevique, fizeram a diferença. E nos legaram a mais consciente experiência revolucionária de todos os tempos. Os próximos artigos desta série tratarão dessa experiência histórica da Revolução Russa.

Vejamos um pouco do histórico da Rússia até a tomada do poder

Quem era a Rússia

A Europa era constituída por um punhado de países imperialistas cercados de nações relativamente atrasadas. A Rússia monárquica ficava no meio termo, uma vastidão de terras e uma população de camponeses sem fim, dominada (e focalmente industrializada) por capital estrangeiro, e cujo governo se aliara, na guerra, a um dos dois blocos imperialistas.

Dentre as condições históricas que tornaram as condições propícias à revolução, merecem destaque a decomposição da velha monarquia russa e suas classes dominantes (com todo o sistema estatal em crise caótica), o peso social do proletariado (proporcionalmente muito mais concentrado nas principais cidades que em outros países e enfrentando-se com uma burguesia politicamente débil) e a amplitude numérica esmagadora de um campesinato que, ao mesmo tempo em que uma parte morria na guerra, não viam solução para a crucial questão agrária, para privações e indigência agudas, sob o tacão dos grandes donos de terras. Camponeses eram armados e enviados, incessantemente, para o horror da guerra. Este país que, como indica Broué, era o paraíso dos capitais europeus, também vivia a crise agrária (com seu caráter incendiário e revolucionário), e a questão nacional (com uma multiplicidade de nações oprimidas pelo tzarismo russo), ambos elementos particularmente explosivos.

Ao contar, também, com antecedentes políticos revolucionários recentes (o “ensaio geral” da revolução de 1905 como dizia Lenin) e, finalmente estar sendo tragado e devastado mais que os outros pela Guerra Mundial que arrastou, armou e dizimou milhões de camponeses naquela longa carnificina inter-imperialista, a Rússia tornara-se o elo mais fraco do capitalismo, em seu desenvolvimento desigual e combinado.¹ [A história da Revolução Russa, de Trotski, é a grande referência para explicar esse processo].

Em tais condições, acumuladas as tensões e contradições ao paroxismo, em determinado momento as massas do campo e da cidade invadiram a cena histórica, entraram em massa na luta política, mergulharam em uma dinâmica revolucionária, um processo que, em poucos meses, concentrou décadas de aprendizado.

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