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A morte de animais em São Paulo desperta uma discussão entre defensores da natureza
O envenenamento de dezenas de animais no Zoológico de São Paulo, a partir de janeiro, provocou uma discussão que divide aqueles que se dedicam a preservar a vida selvagem. É válido retirar um animal da natureza para expô-lo em áreas urbanas, longe de seus habitats? A questão é mais controversa ainda levando-se em conta os contrastes notados diariamente entre instituições desse tipo mundo a fora e também no Brasil – algumas sem recursos, outras com trabalho exemplar. Confira a opinião de uma especialista no assunto.
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Miriane de Almeida Fernandes, presidente da Associação dos Amigos dos Animais de Campinas (AAAC),
entidade que mantém 2.500 animais.
“O simples fato de ver qualquer animal enjaulado já me causa arrepios. Mas os zoológicos são especialmente degradantes, porque sua função nada mais é do que saciar, à custa dos bichos, a satisfação humana. É verdade que, no passado,existiam argumentos duvidosos, mas talvez justificáveis. Com a ausência da televisão, da internet e de outros meios de comunicação, para que as pessoas pudessem conhecer um leão ou um elefante, por exemplo, poderiam fazê-lo apenas visitando um zoológico ou o seu hábitat. Hoje, isso não é mais necessário, pois os meios de comunicação têm fartas matérias que propiciam conhecimento. Por isso, entendo que os zoológicos deveriam ter outras finalidades. Deveriam, por exemplo, preocupar-se em ensinar as pessoas a conhecer os animais dentro do seu próprio hábitat. Deveriam contribuir com a fiscalização da nossa fauna, auxiliando na proteção dos animais que estiverem em risco de extinção. Deveriam também atuar como hospital veterinário para animais de grande porte, resgatados de circos ou ainda de traficantes de animais. Não é mais aceitável mantê-los em cativeiro para entretenimento dos seres humanos. É um ato de crueldade, cuja proporção somente pode ser avaliada se nos imaginarmos no lugar desses animais, presos em um espaço limitado e longe dos nossos amigos e familiares, por tempo indefinido e, principalmente, contra a nossa vontade”.