Leia a cantiga seguinte, de Joan Garcia de Guilhade:
Un cavalo non comeu
á seis meses nen s’ergueu
mais prougu’a Deus que choveu,
creceu a erva,
e per cabo si paceu,
e já se leva!
Seu dono non lhi buscou
cevada neno ferrou:
mai-lo bon tempo tornou,
creceu a erva,
e paceu, e arriçou,
e já se leva!
Seu dono non lhi quis dar
cevada, neno ferrar;
mais, cabo dum lamaçal
creceu a erva,
e paceu, e arriç’ar,
e já se leva!
A leitura permite inferir que se trata de uma cantiga de:
a) Escárnio, em que se critica a atitude do dono do cavalo, que dele não cuidara, mas graças ao bom tempo e à chuva, o mato cresceu e o animal pôde recuperar-se sozinho.
b) Amor, em que se mostra o amor de Deus com o cavalo que, abandonado pelo dono, comeu a erva que cresceu graças à chuva e ao bom tempo.
c) escárnio, na qual se conta a divertida história do cavalo que, graças ao bom tempo e à chuva, alimentou-se, recuperou-se e pôde, então, fugir do dono que o maltratava.
d) Amigo, em que se mostra que o dono do cavalo não lhe buscou cevada nem o ferrou por causa do mau tempo e da chuva que Deus mandou, mas mesmo assim o cavalo pôde recuperar-se.
e) Maldizer, satirizando a atitude do dono que ferrou o cavalo, mas esqueceu-se de alimentá-lo, deixando-o entregue à própria sorte para obter alimento.
Respostas
Resposta:
Alternativa correta: a) escárnio, em que se critica a atitude do dono do cavalo, que dele não cuidara, mas graças ao bom tempo e à chuva, o mato cresceu e o animal pôde recuperar-se sozinho.
Explicação:
As cantigas de escárnio caracterizam-se por apresentarem uma crítica. Nesta cantiga, a atitude do homem que não cuidou do seu cavalo é o alvo do julgamento.
Sobre as cantigas do trovadorismo, podemos identificar a apresentada na questão como de escárnio, logo a resposta é a letra A.
Cantigas de escárnio e maldizer eram um tipo de texto do trovadorismo galego-português onde eram incluídas sátiras e maldizeres pessoais sobre desafetos. Era um dos três principais tipos de troca, junto com as cantigas de amor e de amigo.
Na cantiga apresentada na questão, nota-se uma crítica para com a atitude do homem que não teve o zelo necessário para com seu cavalo e acabou indo a julgamento Ele não deixava o cavalo comer e o explorava no trabalho e por isso foi maldito na trova.
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