• Matéria: Português
  • Autor: mariaclaracunha76
  • Perguntado 6 anos atrás

PADRE BERNARDO: (Fora de cena, gritando.) Socorro! Aqui del rei!

Branca sai correndo. Volta, amparando Padre Bernardo, que caminha com

dificuldade, quase desfalecido. Ela o traz até o primeiro plano e aí o deita, de

costas. Debruça-se sobre ele e põe-se a jazer exercícios, movimentando seus

braços e pernas, como se costuma jazer com os afogados. Vendo que ele não se

reanima, cola os lábios na sua boca, aspirando e expirando, para levar o ar aos

seus pulmões.

PADRE BERNARDO: (De olhos ainda cerrados, balbucia.) Jesus… Jesus,

Maria, José… Ele se vai reanimando aos poucos. Abre os olhos e vê Branca, de

joelhos, a seu lado.

PADRE BERNARDO: Obrigado, Senhor, obrigado por terdes atendido ao

meu apelo desesperado… Não sou merecedor de tanta misericórdia. (Ele beija repetidas vezes um

crucifixo que traz na mão.) Alma de Cristo, santificai-me; Corpo de Cristo, salvai-me; Sangue de

Cristo, inebriai-me…

BRANCA: Achava melhor o senhor deixar pra rezar depois. Agora era bom que virasse de

bruços e baixasse a cabeça pra deixar sair toda essa água que engoliu.

Ajudado por ela, ele vira de bruços e baixa a cabeça. Ela pressiona sua nuca, para fazer sair

a água.

BRANCA Se eu não chego a tempo, o senhor bebia todo o rio Paraíba…

PADRE BERNARDO: (Senta-se, meio atordoado ainda.) A minha canoa?…

BRANCA: A canoa? Seguiu emborcada, rio abaixo. Tinha alguma coisa de valor?

PADRE BERNARDO: Tinha, o cofre com as esmolas…

BRANCA: Muito dinheiro?

PADRE BERNARDO: Bastante.

BRANCA: Agora deve estar no fundo do rio.

PADRE BERNARDO: Só consegui agarrar o crucifixo; tinha de escolher, uma coisa ou outra…

BRANCA: Foi uma pena. Com o dinheiro, o senhor talvez comprasse dois crucifixos. E quem

sabe ainda sobrava.

PADRE BERNARDO: Não diga isso, filha!

BRANCA: Por quê?

PADRE BERNARDO: Porque é o Cristo… Não é coisa que se compre. Tivesse eu escolhido o

cofre e certamente a esta hora estaria no fundo do rio com ele. Foi Jesus quem me salvou.

BRANCA: (Timidamente.) Eu ajudei um pouco…

PADRE BERNARDO Eu sei. Você foi o instrumento. Não estou sendo ingrato. Sei que

arriscou a vida para me salvar.

BRANCA: Não foi tanto assim. O rio aqui não é muito fundo e a correnteza não é lá tão forte.

Quando a gente está acostumada…

PADRE BERNARDO: Acostumada?…

BRANCA: Venho banhar-me aqui todos os dias. Sei nadar e salvar alguém que está se

afogando. É só puxar pelos cabelos. Com o senhor foi um pouco difícil por causa da tonsura. Tive de

puxar pela batina. Me cansei um pouco, mas estou contente comigo mesma. Hoje vai ser um dia

muito feliz para mim.

PADRE BERNARDO: Deus lhe conserve essa alegria e lhe faça todos os dias praticar uma

boa ação, como a de hoje.

BRANCA: Não é fácil. Acho que as boas ações só valem quando não são calculadas. E Deus

não deve levar em conta aqueles que praticam o bem só com a intenção de agradar-Lhe. Estou ou

não estou certa?

PADRE BERNARDO: Bem…

BRANCA: Não foi querendo agradar a Deus que eu me atirei ao rio para salvá- lo. Foi porque

isso me deixaria satisfeita comigo mesma. Porque era um gesto de amor ao meu semelhante. E é no amor que a gente se encontra com Deus. No amor, no prazer e na alegria de viver. (Ela nota que o

Padre se mostra um pouco perturbado com as suas palavras.) Estou dizendo alguma tolice?

PADRE: No fundo, talvez não. Mas a sua maneira de falar… Quem é o seu confessor?

BRANCA: Não tenho confessor. Vivo aqui, no Engenho Velho, que é de meu pai, Simão Dias,

que o senhor deve conhecer de nome. Custo a ir à cidade.

PADRE: Não vai à missa, aos domingos, ao menos?

BRANCA: Nem todos os domingos. Mas não pense que porque não vou diariamente à igreja

não estou com Deus todos os dias. Faço sozinha as minhas orações, rezo todas as noites antes de

dormir e nunca me esqueço de agradecer a Deus tudo o que recebo Dele.

PADRE: Gostaria de discutir com você esses assuntos. Não hoje, porque estamos ambos

molhados, precisamos trocar de roupa.

BRANCA: Vamos lá em casa, o senhor tira a batina e eu ponho pra secar. Posso lhe arranjar

uma roupa de meu pai, enquanto o senhor espera.

PADRE: (A proposta parece assumir para ele uns aspectos de tentação.) Não… isso não é

direito…

BRANCA: Por que não?

PADRE: Já lhe dei muito trabalho por hoje. E preciso voltar o quanto antes ao colégio.

BRANCA: Que colégio?

PADRE: O




Não consegui postar a continuação



2) Qual a finalidade desse tipo de texto?

a) Instruir

b) Entreter

c) Convencer

d) Nenhuma das alternativas anteriores​

Respostas

respondido por: cristinamarchett
5

Resposta:

c)convencer

Explicação:

acho q esta correta(está correta)

espero ter ajudado

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