• Matéria: Português
  • Autor: florapanda
  • Perguntado 6 anos atrás

Uma Vela para Dario Dalton Trevisan Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo. Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque. Ele reclina-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abre-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe tiram os sapatos, Dario rouqueja feio, bolhas de espuma surgiram no canto da boca. Cada pessoa que chega ergue-se na ponta dos pés, não o pode ver. Os moradores da rua conversam de uma porta à outra, as crianças de pijama acodem à janela. O senhor gordo repete que Dario sentou-se na calçada, soprando a fumaça do cachimbo, encostava o guarda-chuva na parede. Mas não se vê guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado. A velhinha de cabeça grisalha grita que ele está morrendo. Um grupo o arrasta para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protesta o motorista: quem pagaria a corrida? Concordam chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede - não tem os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata. Alguém informa da farmácia na outra rua. Não carregam Dario além da esquina; a farmácia é no fim do quarteirão e, além do mais, muito peso. É largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobre o rosto, sem que faça um gesto para espantá-las. Ocupado o café próximo pelas pessoas que apreciam o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozam as delícias da noite. Dario em sossego e torto no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso. Um terceiro sugere lhe examinem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficam sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira é de outra cidade. Registra-se correria de uns duzentos curiosos que, a essa hora, ocupam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investe a multidão. Várias pessoas tropeçam no corpo de Dario, pisoteado dezessete vezes. O guarda aproxima-se do cadáver, não pode identificá-lo — os bolsos vazios. Resta na mão esquerda a aliança de ouro, que ele próprio quando vivo - só destacava molhando no sabonete. A polícia decide chamar o rabecão. A última boca repete — Ele morreu, ele morreu. A gente começa a se dispersar. Dario levou duas horas para morrer, ninguém acreditava estivesse no fim. Agora, aos que alcançam vê-lo, todo o ar de um defunto. Um senhor piedoso dobra o paletó de Dario para lhe apoiar a cabeça. Cruza as mãos no peito. Não consegue fechar olho nem boca, onde a espuma sumiu. Apenas um homem morto e a multidão se espalha, as mesas do café ficam vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos. Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acende ao lado do cadáver. Parece morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva. Fecham-se uma a uma as janelas. Três horas depois, lá está Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó. E o dedo sem a aliança. O toco de vela apaga-se às primeiras gotas da chuva, que volta a cair. Baseando-se no texto, responda às questões. (3,0) 1.Retire do texto trechos que fundamentam a seguinte afirmação: ”O narrador conta uma história urbana.” R. 2.Qual o último momento do texto em que Dario demonstra estar vivo? R. 3.Em qual momento do texto a atitude das pessoas em relação a Dario passa da mera curiosidade à agressão física ,mesmo involuntária? R. 4.Coloque certo (C) ou errado (E) para as frases, considerando a regência nominal.(1,0) ( )O aluno está apto para fazer a prova. ( )O teste foi acessível com todos. ( )Ela estava ansiosa por sair de casa. ( )Aquela senhora tinha gosto para os desfiles de modas. ( )Os parentes foram negligentes com os cuidados da saúde de Dona Carminha. 5.Eu lavo minhas roupas. Eu lavei minhas roupas. Eu lavarei minhas roupas. Diga o tempo verbal dos verbos destacados. (1,0) R. 6.Em qual das alternativas todos os verbos estão em tempos do pretérito? (1,0) a)Chamei-lhe a atenção porque teria observado de perto seu progresso. b)Concordei que assim era,mas aleguei que a velhice estava agora no domínio da compensação. c)Lembra-me de o ver erguer -se assustado e tonto. d)Meu pai respondia a todos os presentes que seria o que Deus quisesse.


florapanda: me ajuda pfv

Respostas

respondido por: alinnymirelly0
10

Resposta:

Nao estou entendo pode ser mais clara?

respondido por: Flaviahf
4

Resposta:

1)"Um grupo o arrastou para o táxi da esquina"; "Alguém afirmou da farmácia na outra rua";

2) Quando ainda se reclina na calçada.

3) Ladrão

4)Quando cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver.

5) Ele foi o unico que teve compaixão com o falecido

6) Resposta pessoal.

Explicação:

1) Tem mais exemplos no texto.

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