Respostas
Resposta:
No caso dos manguezais, por ser um ambiente de baixa energia, ou seja, água com pouca força de circulação, a tendência é que esse óleo se deposite sobre sedimentos. Depois de anos, se o sedimento for removido, a marca do óleo ainda estará lá.
Explicação:
O impacto do desastre no ambiente marinho também não é totalmente conhecido, diz o geólogo Alex Cardoso Bastos, do departamento de oceanografia da Universidade Federal do Espírito Santos (UFES). Isso porque a chamada pluma do rejeito - os sedimentos trazidos pelo rio - continua em movimento.
Essa é uma das hipóteses levantadas para explicar a contaminação por arsênio, chumbo e cádmio de camarões e peixes na foz do rio Doce.
Parte da lama, ele diz, se depositou na região da foz, criando uma camada de 3 ou 4 cm de material no fundo. Em condições normais, o Doce deposita 1 cm no mar em um ano.
Outra parte, muito fina, ficou em suspensão na água, está sendo carregada pelas correntes marinhas e pode chegar a regiões de ecossistemas frágeis, como os corais.
"Tem muita coisa ainda para ser diagnosticada, como a situação dos manguezais ao norte e as áreas de corais ao sul da foz", diz o geólogo Alex Cardoso Bastos.
Nesse sentido, ele destaca o estudo divulgado recentemente que mostrou a presença de micropartículas de ferro no arquipélago de Abrolhos, habitat das baleias jubarte que chegam ao Brasil, no sul da Bahia.
O rejeito de minério de ferro tem pelo menos três impactos ambientais na foz, explica o biólogo Ângelo Fraga Bernardino, que também é professor do departamento de oceanografia da UFES e estuda o impacto do desastre no ecossistema marinho.
A parte mais densa soterra o fundo e prejudica a vida dos organismos que vivem ali, como os bentos. A parcela mais fina, que chega a ter a consistência de um gel, diminui a penetração de luz e afeta o processo de fotossíntese do plâncton, ao mesmo tempo em que altera as condições químicas da água.