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A disputa pela liderança política: Stalin versus Trotsky
Em 1923, aprofunda-se a cisão entre Stálin e Trotsky, provocada pela crescente burocratização de Stálin (ex: Degenerescência burocrática) e por sérias divergências políticas relacionadas a questão da autodeterminação da Geórgia. A abertura econômica provocada pela NEP não foi acompanhada por uma abertura política, a centralização do Estado acabou por substituir o poder da classe operária pelo poder do Partido Comunista, reforçado ainda mais a partir da ascensão de Josef Stalin ao posto de Secretário-Geral em 1922.
Leon Trotsky em 1929.
Após sofrer dois acidentes vasculares cerebrais, Lenin acreditava que estava na hora de decidir sobre um novo líder para o país. Ele tinha mais fé em Trotsky, Bukharin ou Piatakov do que em Stalin,[1][2] descrevendo Stalin como um mau elemento, e querendo Trotsky para sucedê-lo.[1][2] Porém, o chefe dos bolcheviques não tinha mais força para fazer prevalecer a sua vontade.[1] A incapacidade física de Lênin deu a Stálin a oportunidade necessária para se tornar o líder da Revolução, que passa a controlar a máquina do partido e os membros da burocracia. Lênin escreve uma carta dizendo que Trotsky, Bukharin ou Piatakov deveriam ser nomeados como possiveis candidatos a sucessao, enquanto Stalin deveria ser impedido de assumir o poder.[1][2] Mas, como Stálin tinha uma rede de espiões, essa carta foi interceptada e, Stálin naturalmente escondeu a carta do parlamento para proteger a si próprio, pois temia que Trotsky mostraria a eles na próxima reunião, onde ele estaria impotente para detê-lo. Dessa forma, Stálin teve sua posição consolidada.[3]
Lênin morre em 21 de janeiro de 1924, sendo sucedido por um triunvirato, a Troika, com plenos poderes sobre o Estado e a Organização Partidária. Dos triúnviros (Kamenev, Zinoviev e Stálin) foi Stálin quem de fato passou a usufruir maior poder e autoridade: responsável pela administração do Partido e pela admissão ou exclusão de seus militantes; no mesmo ano começa no Comitê Central do Partido Bolchevique o processo de calúnia e difamação de Trotsky promovido por Stálin.
A disputa entre Trotsky e Stálin não ocorre somente como uma briga pessoal pelo poder, sobre o partido e sobre o Estado, mas também devido aos fundamentos políticos divergentes de ambos, envolvendo o ideal de "Revolução Permanente" de Trotsky, e a defesa da política do "socialismo em um só país" de Stálin. Eles divergiam em várias questões, porém, uma questão era básica: como construir o socialismo. Para Stálin e os stalinistas, a revolução socialista deveria ser consolidada internamente na URSS, pois o país estava internacionalmente isolado pelo fracasso de tentativas revolucionárias em outros países (ver: revoluções de 1917-23) e pela hostilidade do mundo capitalista. Segundo Stalin, caso fosse assegurado à independência russa pelo desenvolvimento da indústria pesada, o país poderia, sozinho, construir uma sociedade socialista. Essa é a tese da construção do "socialismo em um só país".
Para Trotsky e os trotskistas, a revolução socialista deveria ser levada aonde o capitalismo estava em crise. Acreditavam ser inviável a construção do regime socialista na URSS caso não ocorressem vitórias socialistas em outros países, pois, caso contrário, os países capitalistas acabariam com a URSS. Essa é a tese da chamada "revolução permanente", segundo a qual o socialismo deveria ser construído em escala internacional.
Outro ponto de divergência entre os líderes bolchevistas estava no modo como viam a URSS. Trotsky a considerava uma conquista revolucionária, um Estado sob o controle dos operários[1][2]; mas, era um Estado com muitas dificuldades, que permanecia longe do socialismo até que a revolução na Europa permitisse o livre desenvolvimento das forças produtivas em escala continental. Stalin, ao contrário, admitia a possibilidade da construção