A tuberculose é transmitida, principalmente, pelo ar através do contato com uma pessoa doente, o espirro, a fala e a tosse de um doente liberam gotículas que contém em seu interior o bacilo de Koch, o vírus da doença. No caso das pessoas privadas de liberdade, o detento deve ficar isolado e usar uma máscara por 40 dias de tratamento. Depois deste período ele pode ser encaminhado ao convívio com os outros detentos. O tratamento deve ser continuado e administrado no posto de enfermagem da unidade, sempre sob a supervisão e acompanhamento do profissional de saúde.
Respostas
Resposta:
A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa muito antiga, também conhecida como “tísica pulmonar”. Os pulmões são os órgãos mais afetados, mas pode acometer ainda os rins, a pele, os ossos e os gânglios. O contágio ocorre pelo ar, através da tosse, espirro e fala da pessoa que está doente, que lança os bacilos no ambiente. Quem convive próximo ao doente aspira esses bacilos e pode também adoecer. Sabe-se que o bacilo pode permanecer no ambiente por um período de até 8 horas, ainda mais quando o domicílio não é ventilado e arejado. É isso que explica a médica Celina Boga*, que atua no Centro de Saúde Escola Germano Sinzal Faria, em Manguinhos.
Explicação:
Em entrevista ao site do Teias, Celina aponta quais são os principais sintomas, as formas de diagnóstico e a prevenção da doença. Além disso, faz um alerta: "A situação da tuberculose em Manguinhos é preocupante e não difere muito de outros bairros pobres da cidade do Rio de Janeiro. Temos observado, ano a ano, o progressivo aumento no número de casos notificados da doença".
Quais os principais sintomas da doença?
Celina Boga - O principal sintoma é a tosse. A pessoa pode tossir meses, sem, contudo, pensar na tuberculose. Outros sintomas incluem falta de apetite, emagrecimento e suor noturno acompanhado de febre baixa, que é mais comum no final da tarde. Pode existir catarro esverdeado, amarelado ou com sangue. Nem sempre todos esses sintomas aparecem juntos. Devemos valorizar a tosse, principalmente quando ela dura mais de três semanas.
Como é feito o diagnóstico da tuberculose?
CB - O diagnóstico é feito pela história de adoecimento da pessoa e também pelo exame clínico. Deverá ser confirmado por exames específicos, como no caso da baciloscopia e a cultura do escarro e também pelo raio-X de tórax. Pode ser que sejam necessários outros exames, como a biópsia, dependendo do órgão afetado.
Há grupos de pessoas mais propensos a contrair a doença?
CB - Existem sim grupos mais vulneráveis. As pessoas portadoras do HIV, em função da diminuição da defesa do organismo, assim como os diabéticos, os fumantes, as pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas e aquelas privadas de liberdade. Os primeiros, de uma forma ou outra, têm defesas orgânicas reduzidas, e os últimos permanecem em condições nas quais a exposição ao bacilo é diariamente renovada.
É possível prevenir a tuberculose?
CB - A prevenção é feita através da vacina BCG, recomendada para aplicação no primeiro mês de vida da criança. A vacina diminui as chances de desenvolver formas graves da doença, como a meningite tuberculosa, mas não é eficaz contra a tuberculose pulmonar. Outra forma é através da prevenção secundária com isoniazida. A proteção é recomendada para as pessoas que convivem com a pessoa doente, seja na casa ou no trabalho. Essa proteção só é recomendada após a avaliação do teste PPD e do raio-X de tórax de todos os contatos próximos. Objetivamente, a forma mais eficaz é a descoberta das pessoas doentes e o início rápido do tratamento.
Qual o tratamento para pessoas com tuberculose?
CB - O tratamento é feito com quatro drogas que estão todas no mesmo comprimido – rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. Nos primeiros dois meses - fase intensiva do tratamento -, a pessoa usa essas quatro drogas. Na fase de manutenção, que dura quatro meses, a pessoa usará apenas duas drogas - a rifampicina e a isoniazida. Quando esse tratamento de seis meses é bem feito, a maioria das pessoas ficam curadas da infecção. É importante que se divulgue que o tratamento pode e deve ser realizado nas unidades de saúde do bairro. Apenas alguns casos mais complexos e graves exigirão internação hospitalar.
Quais os principais riscos na interrupção do tratamento?
CB - Além do risco do agravamento da doença, existe o risco de se desenvolver uma bactéria resistente às drogas utilizadas no tratamento. O bacilo pode ficar resistente a um ou vários medicamentos. O tratamento nessa situação é mais longo e pode durar de 1 a 2 anos, além de exigir o uso de várias drogas associadas.
Que ações vêm sendo viabilizadas pelo Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria para combater a doença?
CB - A situação da tuberculose em Manguinhos é preocupante e não difere muito de outros bairros pobres da cidade do Rio de Janeiro. Temos observado, ano a ano, o progressivo aumento no número de casos notificados da doença.
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