Respostas
Resposta:
Durante o estudo das rebeliões que marcaram a República Velha, temos uma série de confrontos que estabeleceram os entraves e problemas para a consolidação do regime republicano no país. O primeiro desses levantes aconteceu no interior da Bahia, local onde um pregador religioso de nome Antônio Conselheiro reuniu um vasto grupo de seguidores que formaram uma comunidade autônoma na região do rio Vaza-Barris.
Nesse episódio específico, é interessante o professor salientar como o conflito que deu origem à chamada Guerra de Canudos não se iniciou pela ação de um grupo interessado em se colocar contra as autoridades da época. Ao contrário disso, as batalhas que aconteceram entre o povoado formado por Conselheiro e as forças do Exército tiveram seu início pela ação própria do governo. A partir desse dado, podemos perguntar ao aluno como o governo se voltou contra a população que deveria representar.
Essa questão pode ser de grande valia para que os alunos, por exemplo, entendam o porquê esse período é costumeiramente lembrado como a época em que as oligarquias tomavam o poder. Partindo da própria significação do termo “oligarquia”, que quer dizer “governo de poucos”, o professor pode demonstrar que o Estado republicano não tinha compromissos em atender os interesses do povo, mas antes, dos grandes proprietários. Dessa maneira, o aluno pode compreender como foi possível o Estado abrir fogo contra aqueles que deveria representar.
Para que essa noção seja devidamente reforçada, o professor pode ainda trabalhar com um interessante trecho da obra “Cangaceiros e fanáticos”, do pesquisador Rui Facó. Com o uso dessa obra, o professor pode mostrar aos seus alunos como havia um claro interesse em difamar preconceituosamente a população de Canudos por meio de acusações e adjetivos que pudessem justificar a ação governamental. Para tanto, sugerimos a utilização do seguinte trecho:
"(...) despacho de Salvador transmitia informações prestadas por um “respeitável cavalheiro vindo das regiões de Canudos”, o qual dizia se encontrarem entre os adeptos do Conselheiro “sertanejos fanáticos pelo interesses, que para ali se dirigiam acreditando na idéia do comunismo, tão apregoada pelo Conselheiro”. E adiantava este dado significativo: “sobe a sessenta o número de fazendas tomadas pelos conselheiristas em toda a circunscrição”. (...)
Na leitura desse pequeno trecho, o professor pode pedir uma interpretação em que o enredo seja explorado de nova forma. Um dos pontos a ser problematizado envolve, por exemplo, a idéia de que um “respeitável cavaleiro” teria informações exatas e seguras sobre a comunidade de Canudos. Seria interessante pensar, no contexto das oligarquias, como seria essa personagem histórica dotada de virtudes. Em outras palavras, quais seriam os “sinais de respeito” ou valores morais correntes no final do século XIX.
Posteriormente, o professor poderia ainda discutir de que formas a personagem citada no texto teria condições para afirmar que a população de Canudos teria conhecimento de algum pressuposto do ideário comunista. Seria isso uma constatação infundada ou uma maneira de justificar o repúdio a esse povoado associando a uma ideologia criticada e temida por expressivos setores da sociedade dessa época.
Com a formulação de um texto auxiliar, os alunos podem assim estabelecer uma clara percepção do caráter oligárquico dos governos da época por meio da campanha difamatória que dominou os meios de comunicação da época. A hegemonia das elites não se restringia às ações de caráter político, bem como incidia sob outros aspectos da sociedade vigente. Dessa forma, os alunos podem compreender de que maneira os sertanejos de Canudos eram representados.
Explicação: