3 Agora, relembre a narrativa de "Quadros em movimento".
a) Quando os quadros se moveram pela primeira vez, a protagonis- ta não aceitou essa situação. A que ela atribuiu a impressão de movimento?
b) Ingrid percebeu também um rumor. Como reagiu a ele?
c) Mesmo quando a moldura caiu da parede, Ingrid não aceitou que os quadros estivessem em movimento. Releia o trecho: "Estava mesmo precisando descansar, suas pernas pareciam não lhe per- tencer". Que palavra cria a impressão de que, embora expresso pelo narrador, esse é o pensamento da personagem?
d) De que maneira a viagem feita pela personagem pode ser consi- derada a explicação para a situação relatada no conto?
texto
Quadros em movimento A mala voltara quase vazia; mas a mente vinha repleta. Visitara mu- seus, bibliotecas e livrarias. O pequeno quadro, presente de um amigo, foi acomodado entre os inúmeros que pendiam assimetricamente da parede da sala. Encontrar um espaço ali era quase impossível. Afastou-se para ver o resultado e teve a impressão de que algo se movera. Aproximou-se com medo de que fosse um inseto. Não viu nada. Os quadros mais antigos se alargaram e forçaram os mais recentes a se comprimirem. Nesse empurra-empurra alguns se inclinaram.Ingrid percebeu um leve rumor e recolocou-os em seus lugares. As cinco mulheres de branco que, no quadro de moldura negra, se dirigiam às suas casinhas assustaram-se com o movimento e apressaram o passo. A luz atravessou a janela e pousou sobre o quadro em que uma moça caminhava por uma rua ensolarada. Ela estancou, largou a cesta que mantinha encostada ao quadril e rodopiou sobre o calçamento irregular. Ingrid pôs um CD de Chico Buarque e iniciou uns passos de dança. As pessoas do quadro em tons vermelho e negro, que observavam uma festa popular, voltaram-se e aplaudiram com entusiasmo. Sem perceber o que se passava na parede de sua casa, Ingrid apanhou as ilustrações que trouxera do Museu d'Orsay e estendeu-se no sofá abaixo do quadro em que um pintor fazia seu autorretrato. O pintor abandonou palhetas e tintas e passou a observar, junto com ela, as reproduções Uma mulher que parecia ter saído de uma revista de modas da década de cinquenta falou em francês para um enorme galo que se mantinha parado: Por que você não se move? O galo mexeu a cabeça e respondeu em português: Estou nesta posição desde 1972, não consigo mexer as pernas. De repente, formou-se um grande círculo e reclamações de toda ordem foram ouvidas em diferentes línguas. Todos se entendiam: "Fui paralisada enquanto caminhava para casa”, “Estou há anos sem tomar banho”, “Não sei o que foi feito da minha família", "Nem pu- demos entrar em casa, depois da festa de Iemanjá”, “Quantos anos se passaram? Estou jovem e minha filha deve estar velha”, “Por que fomos aprisionados?", "Eu nunca terminei meu autorretrato. Temos que fazer alguma coisa”. Durante a confusão uma moldura caiu. Ingrid levantou-se atordoa- da. Estava mesmo precisando descansar, suas pernas pareciam não lhe pertencer. Apanhou o quadro e, ao colocá-lo de volta, parou perplexa: a tela não tinha qualquer vestígio de tinta.
Respostas
Resposta:
a)A um suposto inseto que teria se movido na parede.
b)Ela o ignorou e ajeitou os quadros na parede.
c)A palavra mesmo
d)A personagem dedicou sua viagem a visitar museus,bibliotecas e livrarias,o que manteve em contato frequente com a arte e poderia te-la deixado mais propensa a fantasiar,a imaginar situações envolvendo personagens e paisagens representadas artisticamente.
Interpretando um texto
a. Quando os quadros se moveram pela primeira vez, a protagonista tentou justificar aquele movimento como se fosse de um suposto inseto que ela teria vislumbrado de relance na parede.
b. A personagem Ingrid percebeu um rumor, entretanto ela o ignorou sumariamente e foi ajeitar os quadros que estavam tortos nas paredes.
c. Embora o trecho seja expresso pelo narrador, a presença da palavra "mesmo" no fragmento apresentado passa a impressão de que a frase está representando o pensamento de uma personagem.
d. A viagem pode ser considerada a explicação da situação pelo fato da personagem ter dedicado ela a visitar locais artísticos e culturais que poderiam tê-la deixado mais propensa a imaginação.
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