• Matéria: História
  • Autor: leticiaazevedo90
  • Perguntado 6 anos atrás

Nós vivemos em uma Sociedade do Espetáculo? De exemplos por favor

Respostas

respondido por: marycamposrodrigues
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Explicação:

Logo depois de publicar seu livro A sociedade do espetáculo (1967), Guy Debord fez um filme com o mesmo nome (1973) no qual retoma todos os procedimentos do cinema de agitprop desenvolvido na Rússia revolucionária por gente como Eisenstein, ao mesmo tempo em que faz avançar tanto as propostas dos seus antecessores quanto as que enunciou no livro, que foi pensado entre outras coisas como uma intervenção no debate estético-político francês.

Disponível no You Tube com legendas em português, este filme merece ser visto e revisto, pois a totalidade dos seus argumentos está ali exposta, bem como a resposta que Guy Debord queria dar no plano da política e da arte. No plano da política, trata-se de resgatar o programa da democratização radical do modo de produção e, por consequência, de revolucionar por completo o modo de vida sob o capitalismo (ainda em aliança com a fraude chamada socialismo nos anos de 1960-70). O filme já seria uma expressão legítima deste processo de luta, na medida em que identifica e denuncia processos, agentes, modos de expressão artístico-publicitários, etc., e já é uma proposta prática e artística do que fazer (para citar Lenin, uma das referências de Debord).

A começar pela publicidade, os processos fundamentais da nossa sociedade do espetáculo continuam os mesmos, mas seus agentes já foram substituídos por outros menos toscos, de modo que uma atualização do filme (não do livro) poderia reaproveitar sua estrutura básica (no sentido do détournement, como ele mesmo fez com os filmes então apreciados espetacularmente pelos cinéfilos franceses) e substituir as cenas daquele presente francês por cenas do nosso presente (2017). Desconfio que os resultados seriam igualmente impressionantes. Um filme assim diria muito mais do que a quase totalidade dos discursos supostamente críticos dos processos a que temos assistido espetacularmente nos anos que se seguiram às manifestações de junho de 2013.

O texto que segue foi preparado para uma exposição do tema aos integrantes da Brava Companhia de teatro em 2009 (reproduzida a seguir) e acolheu de modo radical a proposição debordiana do détournement. Isto é: salvo pela edição, tudo o que será lido está no livro A sociedade do espetáculo. Aqui a sua função é contribuir para apropriações do pensamento debordiano que sejam mais produtivas do que até agora tem acontecido, pelo menos no Brasil, em que se observa o lamentável fenômeno da apropriação espetacular de um pensamento que se pretende crítico do espetáculo.

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