O cearensês
Quando cheguei ao Ceará, há uns dez anos,
tive logo nos primeiros dias uma surpresa. A
moça que trabalhava para mim me disse que ia
“rebolar no mato”. O quê? Pensei, rebolar no
mato? Não fazia muito sentido ela ir requebrar
os quadris no meio de um matagal. Foi então
que entendi: ela ia jogar no lixo alguma coisa.
Fiquei fascinada com a perspectiva de
conhecer novas expressões e palavras:
ontonte, arengar, cabra atarrachado... Aprendi
o que é botar boneco, bonequeiro, batoré,
beréu, só para mencionar algumas começadas
com a letra B. E me encantava com expressões
que ouvia: “Jumento sem mãe”, que significa
um pobre coitado, um zé-ninguém. “Cabra
fuleiro”, um piadista, gozador. “Mangar de
alguém”, ou zombar. “Aperrear”, usado no lugar
de chatear. Em vez de mau cheiro, catinga.
Carão, que não significava ter um rosto grande,
mas sim outra coisa. E a expressão que mais
me espantou: Bonito pra chover. É que, nas
bandas de lá onde fui criada, um dia chuvoso é
feio, triste, e é belo o dia límpido, de céu azul
sem nuvem.
Acabei descobrindo que no Ceará existe uma
língua local, ou dialeto, o cearensês. Com
literatura e tudo. Sei que incorporei muitas falas
e ando disparando, por aí, de quando em vez,
no lugar de Virgem Maria, sonoros Vixe Maria!
MIRANDA, Ana. O POVO. Publicado em 21/02/2016.
(Adaptado para fins pedagógicos)
O texto O cearensês é uma crônica, gênero
por meio do qual o autor costuma refletir sobre
algo presente em seu cotidiano. Nessa
crônica, a principal reflexão é:
A) sobre a origem do dialeto “cearensês”.
B) sobre as variações linguísticas regionais.
C) a incompreensão da autora em relação aos
cearenses.
D) sobre a identidade cultural e linguística dos
cearenses.
E) sobre o conhecimento da autora quanto ao
dialeto falado no Ceará.
Respostas
*resposta*
E) sobre o conhecimento da autora quanto ao dialeto falado no Ceará
A alternativa correta sobre a principal reflexão da crônica apresentada é a letra E) sobre o conhecimento da autora quanto ao dialeto falado no Ceará.
Uma crônica jornalística tem a mesma base que o jornalismo, que é falar do cotidiano, o dia a dia. Porém, o jornalismo tem o objetivo de retratar somente a verdade, enquanto uma crônica pode misturar a realidade com fantasias para expressar algo. Normalmente as crônicas jornalísticas estão em blogs e jornais.
No caso em questão, temos uma crônica que se atenta em retratar o conhecimento da autora sobre o dialeto que se fala no estado do Ceará. Ela identifica qual o modo de se falar das pessoas que habitam a região, e saiu obtendo maiores conhecimentos sobre o dialeto específico daquele território.
Leia mais sobre crônica em:
https://brainly.com.br/tarefa/10706682