• Matéria: Filosofia
  • Autor: Liviavlourenco
  • Perguntado 6 anos atrás

Como a filosofia de Marco Aurélio influenciou a sociedade?

Respostas

respondido por: lucas9819
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Resposta:

Marco Aurélio Antonino (121 d.C.-180 d.C.) foi imperador romano durante quase duas décadas. Considerado o mais sábio dos dirigentes políticos da antiguidade ocidental, ele governou de 161 a 180 e ficou conhecido como o imperador-filósofo.

Combinando a busca da sabedoria com um espírito prático, Marco Aurélio soube desenvolver o desapego enquanto cumpria os seus deveres perante o mundo. Taurino nascido a 26 de abril, o imperador tinha persistência. Influenciado pelo filósofo Epicteto, ele baseou sua filosofia de vida na aceitação da impermanência das coisas e na disciplina da indiferença em relação a dor e prazer.

A leitura de um bom livro pode ser um diálogo vivo, porque o leitor atento interage com os padrões de vibração mental do autor e sua consciência é guiada pelos ritmos da emoção e do pensamento presentes no texto que lê. Por isso, a presença espiritual do imperador-filósofo pode ser percebida como algo vivo por qualquer pessoa que seguir as ondas de pensamento registradas nos textos do volume intitulado Meditações. A obra reúne suas reflexões pessoais sobre o caminho da sabedoria. O texto não foi redigido para publicação, mas registra sua luta consigo mesmo na busca do autoaperfeiçoamento. Passados mais de 18 séculos, as Meditações de Marco Aurélio continuam inspirando milhões de leitores ao redor do planeta.

1) Uma base essencial da sua filosofia e sua ética é a constatação da unidade de todas as coisas. Nada existe separado, nada fica escondido muito tempo, e por isso é aconselhável agir sempre corretamente. Mas como colocar esses princípios em prática?

R: O importante é estabelecer primeiramente que sou parte de um Todo regido por uma natureza e, posteriormente, que, de algum modo, sou parente das outras partes que a mim se assemelham. Certamente, observando estes princípios, como parte que sou, não me revoltarei contra nenhuma das vicissitudes que o Todo me reservar, pois nada incomoda a parte quando é útil ao Todo, e nada há no Todo que não lhe seja útil. Não me esquecendo de que sou parte do Todo, acolherei de boa vontade todos os acontecimentos. Sendo, de alguma forma, parente das partes semelhantes a mim, procurarei nada fazer que possa prejudicar a sociedade. Antes pelo contrário, tendo sempre em vista o meu próximo, consagrarei minha atividade ao bem comum e me absterei de tudo que provoque dano para o próximo. Procedendo dessa forma, minha vida será obviamente feliz.

2) Correto. A percepção da unidade dinâmica que existe entre todos os seres é a fonte mais eficaz dos sentimentos éticos. No entanto, nem todos percebem as vantagens de agir com sabedoria, e ainda há muita violência e crueldade no mundo. Como funciona o círculo vicioso do egocentrismo?

R: A aranha orgulha-se de apanhar moscas. Um homem, de apanhar lebres, tal outro, sardinhas na rede, este, um javali, esse, um urso, aquele, alguns sármatas [guerreiros germânicos, contra os quais os soldados de Marco Aurélio combateram várias vezes]. Estudados os princípios que os norteiam, não poderiam, todos eles, ser qualificados como assassinos?

3) E como podemos viver corretamente em meio a esse mundo?

R: Cria um método para entender como todas as coisas se transformam umas nas outras. Com muita constância, dedica-te a essa parte da filosofia, especializa-te nela, já que nenhuma outra eleva tanto a alma. Para aquele que se dedica a ela, é como se ele se libertasse do corpo. E, considerando que em breve terá de deixar tudo e sair de entre os homens, ele não deve preocupar-se com nada, exceto submeter-se à justiça e à natureza do Todo, em tudo quanto faz e recebe. O que dele disserem e supuserem, e o que lhe fizerem, não lhe preocupa o espírito, ao qual só importa o seguinte: realizar com justiça o que agora lhe compete fazer, e amar o que agora lhe acontece.

4) A filosofia estoica ensina a ser imperturbável diante das oscilações da vida. Mas há obstáculos enormes para isso. Estamos sujeitos a inúmeras pressões externas. Nossos parentes, colegas de trabalho, amigos e conhecidos fazem exigências e nos influenciam o tempo todo.

R: De manhã cedo, dize logo a ti mesmo: Encontrarei um indiscreto, um ingrato, um arrogante, um trapaceiro, um invejoso, um egoísta. Tudo isso lhes advém da ignorância do bem e do mal. Mas eu, tendo reconhecido que a natureza do bem é a virtude e a do mal é o vício, e que o pecador é por natureza meu parente – não do mesmo sangue ou semente, mas pela inteligência e por participar de uma parcela da divindade – não posso considerar-me ultrajado por qualquer um deles. Nenhum deles me contaminaria com o vício. Não posso tampouco irritar-me contra meu parente nem odiá-lo; pois fomos feitos para cooperar, assim como os pés, como as mãos, como as pálpebras, como as fileiras superior e inferior dos dentes. Agir como adversário é, então, contra a natureza. E é ser adversário irritar-se com os outros e evitá-los.

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