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RESUMO: A discriminação racial e o racismo são temas frequentes na literatura negra
britânica. Na literatura brasileira não é diferente. Atrás da crença de que há boa tolerância
entre as raças subjaz o racismo que exclui muitos negros e afrodescendentes do mercado de
trabalho, relegando-os à invisibilidade. No volume 30 do livro de contos “Cadernos Negros”,
publicado em 2007, selecionamos a narrativa “Sim, eu posso” de Décio de Oliveira Vieira,
com o objetivo de verificar a outremização da protagonista, tendo em vista a cor da pele. A
metodologia de investigação baseia-se em teorias desenvolvidas por Ashcroft, Bhabha,
Fanon, Memmi, dentre outros. O conto revela o relacionamento entre um rapaz branco, Rafa e
uma moça negra, Clara. A garota acredita na democracia racial enquanto o pai, Bequimão,
negro da tribo Malê, não conjuga da mesma opinião e tenta convencê-la de que os negros são
rechaçados pela cor epidérmica. Os resultados da pesquisa mostram que a protagonista é
discriminada pela cor, pois embora qualificada, exerce a função de doméstica, já que não
consegue um emprego melhor. Além disso, após contar ao namorado que está grávida, ele a
abandona. Tal fato apresenta indícios de que o rapaz não almeja a mistura de raças.