Você já escreveu ou falou alguma coisa que foi considerada incoerente por outra
pessoa? Não? Então, vamos reformular a pergunta: você já escreveu ou falou alguma
coisa que foi entendida de maneira diferente da que você gostaria que entendessem?
E aí? Mudou de opinião?
Pois é, que atire o primeiro dicionário quem nunca foi interpretado de maneira
diferente daquilo que quis veicular. Seja por causa da falta de informação ou do seu
excesso; seja pelo fato de a mensagem não possuir elementos contextualizadores
suficientes, como título, autoria, assinatura (no caso do escrito) ou gestos, olhares,
entoação (no caso falado); ou, ainda, seja porque o conhecimento do conteúdo
veiculado não era partilhado suficientemente como interlocutor (leitor ou ouvinte).
Todas essas razões nos fazem pensar que, quando chamamos um texto de
incoerente, estamos nos referindo à não-ativação de elementos necessários para que
tanto o falante/escritor como o ouvinte/leitor atribuam sentido. A escola nos ajudou a
pensar assim?
Questão de formação
Vários pedagogos e estudiosos da educação têm relatado que o ensino de
Língua Portuguesa, por muito tempo, se posicionou sobre o assunto de modo bastante
negligente, não abordando os motivos empíricos que fazem com que os textos
possam ser considerados incoerentes. Quem não se recorda de algum professor que
tenha devolvido ao aluno seu texto escrito com uma cruz enorme em vermelho
acompanhada da frase “Seu texto está incoerente”? Muitas vezes, nessas situações ,
o aluno recebe a correção, mas não chegam a ele as orientações para entender o que
pode melhorar no texto e o que faz dele incoerente.
Casos como esse podem revelar um pouco a perspectiva político-didático
pedagógica que o professor adota ou, simplesmente, como foi a sua formação. Basta
consultar alguns livros de especialistas que comentam o assunto para perceber que
não se trata de um efeito unilateral.
Por exemplo, para Ingedore Koch, em O texto e a construção dos sentidos, a
coerência textual “diz respeito ao modo como os elementos subjacentes à superfície
textual vêm a construir, na mente dos interlocutores, um configuração veiculadora de
sentidos”. Diante dessa afirmação da autora, percebemos que a coerência não é algo
dado no próprio texto, mas construído por meio dele. É preciso que ele faça sentido
para alguém para que esse alguém possa atribuí-lo coerente. (...).
(Iran Ferreira de Melo – Revista Língua Portuguesa, Nº 16, p. 8-10)
01. Conforme as ideias veiculadas no TEXTO, infere-se, CORRETAMENTE, que:
a) a coerência de um texto encontra-se consolidada no próprio texto, cabendo ao
leitor apenas resgatá-la, no momento da leitura;
b) a coerência textual é localmente construída numa situação de interação entre
texto, leitor/ouvinte, escritor/falante, por meio de fatores de natureza
1 sequencial 1 , cognitiva, socioculturais e sociopragmáticos;
c) a coerência textual deriva da capacidade que o leitor deve ter para produzir
inferências, já que as informações contidas nos textos são implícitas; não se
encontram na sua superfície;
d) a coerência textual consiste em se conferir uma única interpretação àquilo que é
veiculado num texto, aquela informação que o autor do texto tenciona
apresentar;
e) a coerência textual deve ser construída somente na relação que se estabelece
entre a materialidade do texto e o conhecimento de mundo do leitor.
Respostas
respondido por:
3
Resposta:
c
Explicação:
eu n tenho certeza
espero ter ajudado
jOSELMASANTOS:
obrigada!
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