1 -Qual a principal diferença entre as expedições bandeirantes e as expedições jesuítas em território brasileiro?
2- Quais eram os tipos de expedições Bandeiras que existiram no Brasil?
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Respostas
Resposta:
Este artigo analisa o papel dos índios, jesuítas, bandeirantes e espanhóis no Guairá,
durante os séculos XVI e XVII, isto através da discussão das expedições que
percorreram a região e das diferentes posições que assumiram esses personagens.
Assinalando que não é possível reduzir essas relações a simples perspectivas
dicotômicas.
Palavras-chave:
Índios, jesuítas, Guairá. Abstract
A princípio tudo representava um panorama selvático. O seio da terra virginal,
recoberto de florestas seculares, abrigava tesouros inestimável de fecundação e
fertilidade prontos para fornecerem colheitas dadivosas (….) Havia, de primeiro, a
terra protegida pela floresta imensa. E lentamente a floresta, a floresta tão exuberante
e impenetrável cedia lugar àqueles homens intrépidos e valentes.
Frases como essas, de diferentes autores, são comuns nos escritos, oficiais ou não, sobre
o norte e outras regiões do Paraná reocupados pela sociedade nacional e paranaense nos
séculos XIX e XX
Construiu-se a ideologia de que esses territórios indígenas estavam vazios, desabitados
e prontos a serem ocupados. Essa construção ocorreu dentro dos marcos da expansão
capitalista que incorporou essas novas áreas ao seu sistema de produção.
Os agentes dessa construção são muitos: desde a história oficial das companhias
colonizadoras; os discursos governamentais; os escritos que fazem a apologia da
colonização; os geógrafos que escreveram sobre a ocupação nas décadas de 30 a 50 do
século XX; a historiografia paranaense produzida nas universidades e, por fim, os livros
didáticos que, se utilizando dessas fontes, repetem para milhares de estudantes do
Estado a idéia de que as terras indígenas do terceiro planalto do Paraná constituíam um
imenso “vazio demográfico” pronto a ser ocupado pelos pioneiros. Com isso retira-se,
elimina-se propositadamente da história regional as populações indígenas que aqui
viviam e resistiram a conquista de suas terras e a destruição de seu modo de vida.
Recolocando as populações indígenas enquanto sujeitos ativos da história, percebemos
que os territórios localizados entre os rios Paranapanema, Tibagi e Ivaí, hoje
denominados de Norte e Noroeste do Paraná, foram ocupados, desde tempos
imemoráveis. E desde a chegada dos brancos europeus no novo continente iniciou-se a
guerra de conquista contra as populações indígenas que aqui viviam. Guerra entendida
no sentido dado por Antônio Carlos de Souza Lima: um processo que requer uma
organização militar conquistadora que age em nome de um Deus, uma Nação, um Rei,
Império, etc; um povo de onde se origina o conquistador e que lhe dá uma identidade
social e uma direção comum; e o botim, composto pelo povo conquistado com seus
territórios e riquezas que são mercantilizadas. E conquista, quando parte do povo
conquistador fixa nos territórios conquistados; fazem a exploração sistematizada do
butim e passam a veicular os elementos básicos da cultura invasora através de
instituições concebidas para tanto.
A guerra de conquista iniciou-se nas primeiras décadas do século XVI com as
expedições portuguesas e espanholas que cruzaram a região em busca de metais,
escravos, e de uma rota ao Paraguai e Peru. Acentuou-se no seiscentos com a
implantação das Reduções Jesuíticas no Guairá e com as bandeiras paulistas que
invadiram a região capturando índios. Prosseguiu no século XVIII com a descoberta de
ouro e diamantes no rio Tibagi e com as expedições militares que construíram
fortificações e transitavam pelo território rumo ao Mato Grosso. Recrudesceu no
novecentos com a ocupação das terras da bacia norte do rio Tibagi, e a partir da segunda
metade do século XVIII, com a invasão dos campos do cacique Kaingang Inhoó, pelos
grandes fazendeiros dos Campos Gerais paranaense na expansão de seus domínios. No
século XX a guerra de conquista continuou sob o manto da “colonização pacífica e
harmoniosa”, levada adiante pelas companhias de terras que ocuparam, lotearam e
venderam os antigos territórios indígenas com o aval institucional do Estado do Paraná.
1.1. As expedições que cruzaram os territórios indígenas no século XVI
Os contatos dos brancos europeus com os grupos indígenas que habitavam a região
ocorreu no início do século XVI, com as primeiras expedições portuguesas e espanholas
que passaram pelo Guairá rumo ao Paraguai e ao Peru para reconhecer o interior dos
seus territórios, em processo de conquista e guerra contra os indígenas.