• Matéria: Português
  • Autor: pauloricardo1214
  • Perguntado 5 anos atrás

Redação sobre obrigação social de sermos felizes

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respondido por: wcs14
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Resposta:

“Por que só eu não estou viajando nas férias? Minha vida é só trabalhar e pagar conta? Minha vida é tão medíocre assim?”. Esses são questionamentos comuns na clínica contemporânea, que evidenciam como a presença massiva da internet e a exposição constante às redes sociais tendem a nos fazer questionar sobre a “vida real”, reduzindo no nosso limiar de frustração e deixando em evidência o nosso próprio “vazio”.

Na verdade, o vazio sempre esteve ali, mas a sedução exercida pelas imagens reforçam em nós a ideia de que “a grama do vizinho é sempre mais verde”. Na verdade, por mais dinheiro, “amigos” e seguidores que alguém tenha, ninguém pode tudo. Todos temos limites. Todos somos seres de desejo e, portanto, somos estruturalmente incompletos.

As telas do computador e do smartphone se tornaram vitrines modernas, onde estão expostos corpos, sorrisos, paisagens, refeições, relacionamentos, viagens, academias, roupas e mais uma infinidade de artigos prontos para serem “consumidos”. Neste contexto, são comuns os sentimentos de tristeza, raiva, inveja, paranoia, ansiedade e solidão. Já existem pesquisas sobre isso.

Pessoas que se expõem mais tempo às redes sociais tendem a relatar mais sentimentos de tristeza e menos satisfação com a própria vida. As redes sociais reforçam uma certa visão hedonista e desumanizante que consideram que as dores, as tristezas e a própria rotina são necessariamente ruins e devem, portanto, serem banidas a qualquer preço, em prol de uma felicidade plena e perfeita. Taí o episódio com o “Dr Bumbum” pra nos mostrar como a busca incessante por perfeição pode ter resultados desastrosos para a vida real.

Resgato as palavras de Danièle Silvestre, “A obrigação de ser feliz”, para mostrar como atualmente o direito à felicidade e à saúde transformou-se num imperioso dever ser feliz, de estar sempre “bem”. Ora, mas num mundo onde não há tristeza, frustração e até mesmo um certo grau de angústia é um mundo “desumanizado”, esvaziado do que poderia lhe conferir sentido. E quanto mais conectados às telas, mais desconectados de nós mesmos e do nosso mundo medíocre, mas “real”.

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