• Matéria: Português
  • Autor: nicolealvees1
  • Perguntado 9 anos atrás

Os dois textos apresentam em comum o ambiente urbano do Rio Janeiro do século XIX e o relacionamento entre home e mulher.
Que classe social cada um dos textos retrata?
Que importância ou significado tem o casamento para as personagens do texto I e para as do texto II?

Respostas

respondido por: carolsilgon
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cadê o texto I e II?

nicolealvees1: Texto I
nicolealvees1: Ao sair do Tejo, estando Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonha-
da do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremendo beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração
em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de namoro cerrado;
nicolealvees1: continuação: ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença de serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos.
Quando saltaram em terra começou a Maria a sentir certos enojos: foram os dois morar juntos; e daí a um mês manifestaram-se claramente os efeitos da pisadela e do beliscão, sete meses depois teve a Maria um filho,
nicolealvees1: continuação: formidável menino de quase três palmos de comprido, gordo e vermelho, cabeludo, esperneador e chorão; o qual, logo depois que nasceu, mamou duas horas seguidas sem largar o peito. E este nascimento é certamente de tudo o que temos dito o que mais nos interessa, porque o menino de quem falamos é o herói desta história.
nicolealvees1: Chegou o dia de batizar-se o rapaz: foi madrinha a parteira; sobre o padrinho houve suas dúvidas: o Leonardo queria que fosse o Sr. Juiz; porém teve de ceder a instâncias da Maria e da comadre, que queriam que fosse o barbeiro de defronte, que afinal foi adotado. Já se sabe que houve nesse dia função: os convidados do dono da casa, que eram todos dalém-mar, cantavam ao desafio, segundo seus costumes; os convidados da comadre, que eram todos da terra, dançavam o fado. O compadre trouxe a rabeca,
nicolealvees1: que é, como se sabe, o instrumento favorito da gente do ofício. A princípio, o Leonardo quis que a festa tivesse ares aristocráticos, e propôs que se dançasse o minuete da corte. Foi aceita a idéia, ainda que houvesse dificuldade em encontrarem-se pares.
nicolealvees1: Afinal levantaram-se uma gorda e baixa matrona, mulher de um convidado; uma companheira desta, cuja figura era a mais completa antítese da sua; um colega do Leonardo, miudinho, pequenino, e com fumaças de gaiato, e o sacristão da Sé, sujeito alto, magro e com pretensões de elegante. O compadre foi quem tocou o minuete na rabeca; e o afilhadinho, deitado no colo da Maria, acompanhava cada arcada com um guincho e um esperneio.
nicolealvees1: Isto fez com que o compadre perdesse muitas vezes o compasso, e fosse obrigado a recomeçar outras tantas.
Depois do minuente foi desaparecendo a cermônia, e a brincadeira aferventou, como se dizia naquele tempo. Chegaram uns rapazes de viola e manchete: o Leonardo, instado pelas senhoras, decidiu-se a romper a parte lírica do divertimento. Sentou-se num tamborete, em um lugar isolado da sala, e tomou uma viola.
nicolealvees1: Fazia um belo efeito cômico, vê-lo em trajes do oficio, de casaca, calção e espadim, acompanhando com um monótomo zum-zum nas cordas do instrumento o garganteado de uma modinha pátria. Foi nas saudades da terra matal que ele achou inspiração para o seu canto, e isto era natural a um bom português, que o era ele.[...].
O canto de Leornado foi o derradeiro toque de rebate para esquentar-se a brincadeira, foi o adeus às cerimônias. Tudo daí em diante foi burburinho, que depressa passou á gritaria
nicolealvees1: e ainda mais depressa á algazarra.[...].
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