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Estruturas essenciais de mediação coordenam a atividade dos centros cerebrais. Alguns destes centros são especializados na elaboração dos conceitos, outros, na de palavras e frases.
Os neuropsicólogos que estudam a linguagem tentam compreender como utilizamos e combinamos palavras (ou signos, no caso de uma linguagem gestual) para formar frases e transmitir os conceitos elaborados pelo cérebro. Investigam também como compreendemos palavras expressas por outros e de que forma o cérebro as transforma em conceitos.
A linguagem surgiu e se manteve ao longo da evolução porque constitui um meio de comunicação eficaz, sobretudo para conceitos abstratos. Ela nos auxilia a estruturar o mundo em conceitos e a reduzir a complexidade das estruturas abstratas a fim de apreendê-las: é a propriedade de "compreensão cognitiva".
O termo "chave de fenda", por exemplo, evoca várias representações dessa ferramenta: as descrições visuais de sua aparência e utilização, as condições específicas de seu emprego, a sensação que provoca seu manuseio ou o movimento da mão quando a utiliza. Da mesma forma, a palavra "democracia" é associada a diversas representações conceituais. A "economia cognitiva" que a linguagem autoriza ao reagrupar numerosas noções sob um mesmo símbolo permite-nos elaborar conceitos complexos e alcançar níveis de abstração elevados.
Na aurora da humanidade, a palavra não existia. A linguagem surgiu quando o homem, e talvez algumas espécies que o precederam, soube conceber e organizar ações, elaborar e classificar as representações mentais de indivíduos, eventos e relações. Da mesma forma, os bebês concebem e manipulam conceitos e organizam inúmeras ações bem antes de pronunciar as primeiras palavras e frases. Entretanto, nem sempre a maturação da linguagem depende da dos conceitos: algumas crianças têm deficiência dos sistemas conceituais, mas possuem uma sintaxe correta. Os centros neuronais que asseguram certas operações sintáticas parecem se desenvolver de forma autônoma.
A ASSOCIAÇÃO DE SÍMBOLOS
A linguagem surge como produção humana voltada para o mundo exterior (um conjunto de símbolos corretamente ordenados, difundido para fora do organismo) e representação intracerebral destes símbolos e regras para associá-los. O cérebro representa a linguagem e qualquer outro objeto da mesma forma. Ao estudar as bases neuronais da representação de objetos, eventos e suas relações, os neurologistas esperam descobrir os mecanismos de representação da linguagem.
O cérebro elabora a linguagem mediante a interação de três conjuntos de estruturas neuronais, segundo acreditamos. O primeiro, composto de numerosos sistemas neuronais dos dois hemisférios, representa interações não lingüísticas entre o corpo e seu meio, percebido por diversos sistemas sensoriais e motores; ele forja uma representação de tudo o que uma pessoa faz, percebe, pensa ou sente. Além de decompor essas representações não lingüísticas (forma, cor, sucessão no tempo ou importância emocional), o cérebro cria representações de nível superior, pelas quais gere os resultados dessa classificação. Assim ordenamos intelectualmente objetos, eventos e relações. Os níveis sucessivos de categorias e representações simbólicas produzidos pelo cérebro gerenciam nossa capacidade de abstração e de metáfora.
O segundo, um conjunto menor de estruturas neuronais, geralmente situadas no hemisfério esquerdo, representa os fonemas, suas combinações e as regras sintáticas de ordenação destas palavras em frases. Quando solicitados pelo cérebro, esses sistemas reúnem palavras em frases destinadas a ser ditas ou escritas,- se demandados em reação a um estímulo lingüístico externo (uma palavra ouvida ou um texto lido), asseguram os processamentos iniciais das palavras e frases percebidas.
Os Centros Cerebrais que processam a cor são organizados como estruturas de compreensão e de utilização da linguagem. O estudo de pacientes com lesões cerebrais mostra que um centro neuronal particular governa os conceitos das cores (em azul); um segundo centro comanda as palavras que designam as cores (em vermelho) e um terceiro assegura a mediação entre os conceitos e as palavras (flechas).