Qual a relação da máxima de Sartre["a existência precede a essência."] com a fenomenologia de Husserl?
Me ajudem pfv
Respostas
Resposta:
O existencialismo sartreano é proveniente de três formas de pensamento: o materialismo dialético de Marx, a fenomenologia de Husserl e o existencialismo de Heidegger. A influência de Marx está na relação com a ação, ou seja, ao invés de se pensar sobre o mundo, tem-se a idéia de alterá-lo, transformá-lo. De Husserl extraiu o método fenomenológico. E Heidegger, com o seu questionamento sobre o ser, o influenciou quando afirmou que, para alcançarmos compreensivamente o ser, precisamos analisar existencialmente a pessoa (ente).
A diferença maior entre seu pensamento e o de Heidegger reside no fato de que, para este último, o interesse era com o ser, ainda que a pessoa concreta fosse um meio de se chegar a ele na sua completa compreensão. Para Sartre, ao contrário, a preocupação era quase que exclusiva com a existência do indivíduo em si, daí sua famosa sistematização do principio básico do existencialismo “a existência precede à essência”.
Sartre acreditava que o ponto pelo qual o pensamento filosófico deveria partir é a intencionalidade e não a realidade humana. Fiel que era ao pensamento de Husserl, utilizou a fenomenologia para atingir a sua meta. Sartre, no entanto, tinha como meta examinar a consciência no mundo. A consciência é engajada no mundo de tal forma que o para-si não existe sem mundo, mas apenas, como o diz Sartre, “uma plenitude diferenciada do ser”.
Explicação:
Para a consciência atingir as coisas, precisa conter o nada, o não-ser. Nós só podemos negar as coisas, nadificá-las, porque carregamos conosco uma espécie de nada. Para Sartre o nada tem como fundo o próprio ser. É o ser que faz surgir o nada pela imaginação. Esta forma de ser da consciência cria uma totalidade que não existe.
A análise da consciência é fundamental na sua filosofia. Divide0se em dois níveis: consciência de primeiro grau e consciência de segundo grau. A primeira consciência que ultrapassa a si mesmo para atingir o objeto e se esgota nessa mesma posição. É uma consciência perceptiva, pois se ignora para ter consciência de um objeto ou de um ato. Ela e o objeto de que a consciência são, na verdade, nesse nível, uma só coisa, isto é, há identificação com o objeto sem que ela se tome como objeto. Sartre a chamou de cogito pré-reflexivo ou consciência irreflexiva. É irreflexiva, pois não depende do conteúdo psíquico do eu. O que é psíquico só pode ser apreendido pela reflexão.
O segundo nível de consciência, nas palavras de Sartre (1936), “é a consciência que é consciente de ser consciente do seu objeto”. Existe um eu que é consciente daquilo que tem consciência. Chamou-a, por isso, de consciência reflexiva. É específica do ser humano.
A teoria sartreana da consciência nos conduz à sua teoria da liberdade. Pela liberdade o indivíduo escolhe aquilo que quer ser e, assim, realiza sua essência. Sartre rejeita que qualquer tipo de noção que coloca o homem preso a uma natureza humana ou a um Deus que o cria. O homem faz parte da espécie humana, mas é a sua liberdade que o afasta desta espécie; que ultrapassa o humano em direção à humanidade.