Comentem a interpretação que Tibiriçá faz da troca de presentes e das atitudes dos portugueses. Considerem, no comentário, o texto de Márcio Couto Henrique.
Respostas
b) Mais uma vez Torero faz uma inversão de sinais: os ingênuos não são os indígenas mas os civilizados. Não fosse um texto ficcional, o comentário de Tibiriçá poderia ser tomado como comprovação de que os indígenas não eram ingênuos e não se deixavam seduzir por objetos de pouco valor. É significativo o fato de que Ubiratã tenha jogado um cocar “pequeno” e “já um tanto velho” em retribuição ao primeiro presente dos portugueses. Mas a interpretação de Tibiriçá fica ainda mais explícita no parágrafo 7. Para ele os portugueses é que são ingênuos, aceitando coisas de pouco valor, ou seja, “coisas que nascem sozinhas da terra”. Embora os objetos oferecidos pelos portugueses fossem pequenos e aparentemente pouco valiosos, eram fruto de trabalho “das próprias mãos”. Nessa observação de Tibiriçá pode-se ver um exemplo da tradução do significado dos presentes “de acordo com regras determinadas pela própria cultura”. Ressalta-se, por seu efeito satírico, a ironia da expressão “espertos como uma anta malhada” (a anta é considerada popularmente um animal pouco inteligente, como se percebe na forma ofensiva “você é uma anta”).