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Quatro genocídios/ epistemicídios ocorridos no século XVI.
Genocídio: destruição física.
Epistemicídio: O epistemicídio é, em essência, a destruição de conhecimentos, de saberes, e de culturas não assimiladas pela cultura branca/ocidental.
1) Contra os muçulmanos e os judeus na conquista da Andaluzia (Espanha), em nome da “pureza do sangue”.
2) Contra os povos indígenas primeiro no continente americano e depois contra os aborígenes da Ásia.
3) Contra os africanos com o comércio de cativos e sua escravidão na América.
4) Contra as mulheres que praticavam e transmitiam o conhecimento das ervas, dos remédios, do corpo humano, na Europa. Queimadas vivas acusadas de bruxaria.
Depois de convertidos os Muçulmanos se transformaram em: Muçulmanos = moriscos, e os Judeus = marranos.
Destruiu-se sua memória, conhecimento, espiritualidade (genocídio cultural ou epistemicídio), para a garantia da descendência completamente cristã.
Populações foram vigiadas para a certeza de que de fato converteram-se ou fingiam/simulavam.
A pureza de sangue não colocava em dúvida a humanidade das vítimas. Estes eram vistos como seres humanos com um “Deus equivocado” ou “religião errada”.
O discurso da “pureza de sangue” usado na reconquista da Andaluzia foi uma forma de discriminação religiosa que não era ainda racista por não duvidar de maneira profunda da humanidade de suas vítimas.
A conquista da América:
Na América ocorre a queima dos “códices” maias e astecas e “quipus”, dos Incas.
O genocídio e o epistemicídio andaram juntos no processo de conquista tanto na América como na Andaluzia.
Isso se observa também no espiritualicídio – a destruição do conhecimento e da espiritualidade nos dois processos de conquista.
Na Europa, desde o século IV, a ideologia cristã era predominante. Partir do século XV, vai haver uma mudança importante.
Aqui na América e na África vai haver uma troca: o poder baseado em diferenças religiosas vai ser trocado por um baseado em diferenças raciais.
É com relação às gentes da África e da América que a ideia de raça nasce na modernidade.
Colombo escreve: “me pareceu que nenhuma religião tinham”, ou seja, algo novo, Não ter religião poderia ser encarado como não ter alma.
Isso abre a possibilidade de uma parte da população do mundo não ser de todo humana, o que os coloca à parte da categoria humana.
Iniciam-se as discussões: os americanos são pessoas com ou sem alma?
Se não tem alma podem ser escravizados!
Na Espanha duas correntes se colocavam frente à escravização dos índios:
1) Não tem alma e, portanto, podem ser escravizados.
2) Tem alma, porém, são bárbaros que necessitam ser cristianizados.
Este é o primeiro debate racista na história mundial e “índio” como identidade foi a primeira identidade moderna.
Iniciou-se um debate na cidade de Valladolid, na escola de Salamanca colocando em disputa Bartolomé de las Casas e Ginés Sepúlveda.
Sepúlveda: usava o argumento de que os índios não tinham a noção de propriedade privada nem noção de mercado pois produzem sob formas coletivas e distribuem a riqueza com reciprocidade. Não são humanos pois não praticam atividades econômicas visando lucro.
Las Casas – afirmava serem bárbaros que precisam ser cristianizados.
Vence o discurso de las Casas.
Este debate inaugura os debates racistas que utilizados pelas potências imperialistas europeias nos 400 anos seguintes vão resultar nos discursos racistas biológicos e os discursos racistas culturalistas.
Na América a escravidão vai ser substituída pela “encomienda” ( os indígenas americanos deveriam trabalhar para os espanhóis e em troca seriam cristianizados). Na prática eram escravizados e cristianizados.
Espanhóis desde o princípio negaram a existência das religiões dos povos americanos.
Negros africanos:
A decisão da escravidão negra tem relação direta com a conclusão do julgamento de Valladolid em 1552.
Tráfico de africanos = genocídio em escala massiva e também um epistemicídio.
Proibiu-se aos africanos que pensassem, rezassem ou praticassem suas cosmologias, conhecimentos e visões de mundo.
A inferioridade de seus conhecimentos foi um argumento crucial para afirmar a inferioridade biológica colocando-os abaixo do humano.
Sec. XVI = negros carecem de inteligência
Séc. XX = negros têm níveis baixos de CI (coeficiente de inteligência).
Vemos, então que a partir do século XVI, americanos e africanos sofreram dupla violência: violência física e violência cultural. Negou-se a esses povos a liberdade de continuar a viver segundo seus costumes e crenças.
Esse século e os seguintes viram o genocídio de africanos e americanos, ou seja, seu desaparecimento físico e o epistemicídio, ou seja, a negação de que tais povos possuíam suas línguas, suas crenças, sua própria forma de praticar a economia, enfim suas próprias culturas.
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