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Em religião, ética e filosofia, o bem e o mal referem-se à avaliação de objetos, desejos e comportamentos através de um espectro dualístico, onde, numa dada direção, estão aqueles aspectos considerados moralmente positivos e, na outra, os moralmente negativos. O bem é, por vezes, visto como algo que implica a reverência pela vida, continuidade, felicidade ou desenvolvimento humano, enquanto o mal é considerado o recipiente dos contrários. Por definição, "bem" e "mal" são absolutos porque qualquer enunciado moral é válido, independentemente de quem o faz, e independentemente de qualquer objeto ao qual o enunciado se refira. Por exemploː "assassinato é moralmente errado" é um enunciado objetivo visto que não é um declaração sobre o sujeito que afirma. O enunciado também é absoluto porque implica que "assassinato" é mau em geral, por contraste com assassinato ser moralmente errado para uma pessoa que o cometa e não para outra.
Não há consenso se o bem ou o mal são intrínsecos à natureza humana. A natureza da bondade tem recebido muitos tratamentos; em um deles, o bem é baseado no amor natural, vínculos e afetos que se desenvolvem nos primeiros estágios do desenvolvimento pessoal. Outro tratamento para o termo afirma que a bondade é um produto do conhecimento da verdade. Existem diferentes pontos de vista sobre o porquê do surgimento do mal. Muitas religiões e tradições filosóficas concordam que o comportamento malévolo é, em si mesmo, uma aberração que resulta da condição humana imperfeita (a queda do homem). Por vezes, o mal é atribuído à existência do livre-arbítrio e da agência humana. Alguns argumentam que o mal em si baseia-se finalmente na ignorância da verdade (isto é, do valor do homem, da santidade e da divindade). Alguns pensadores do iluminismo alegaram o oposto, sugerindo que o mal é aprendido como consequência de uma estrutura social tirânica.
Teorias da bondade moral investigam quais tipos de coisas são boas e o que a palavra "bom" realmente significa abstratamente. Como um conceito filosófico, a bondade pode representar a esperança de que o amor natural seja contínuo, expansivo e abrangente. Num contexto religioso monoteísta, é desta esperança que deriva um importante conceito de Deus — como uma infinita projeção de amor, manifesta como bondade na vida das pessoas. Em outros contextos, o bem é visto como algo que produz as melhores consequências na vida das pessoas, especialmente em relação a seus estados de bem-estar.
Origem do conceito
Embora todas as linguagens possuam uma palavra expressando bem no sentido de "ter a qualidade certa ou desejável" (ἀρετή) e mal no sentido de "indesejável", a noção de "bem e mal" num sentido moral ou religioso absoluto não é antigo, e surge das noções de purificação ritual e impureza. Os significados básicos de κακός e ἀγαθός são "ruim, covardemente" e "bom, bravo, capaz" e seus significados absolutos surgem somente por volta de 400 a.C., com a filosofia pré-socrática, Demócrito em particular.[2] A moralidade em seu sentido absoluto solidifica-se nos diálogos de Platão, com a proposta da Ideia do Bem, juntamente com a emergência do pensamento monoteísta (principalmente em Eutifro, o qual pondera o conceito de piedade, τὸ ὅσιον, como um absoluto moral). A ideia é, posteriormente, desenvolvida na Antiguidade tardia, no neoplatonismo, gnosticismo e pelos Padres da Igreja. Este desenvolvimento do relativo ou habitual para o absoluto é, também, evidente nos termos ética e moralidade, ambos sendo derivados de termos para "costume regional"