(IFMT)
UNIVERSIDADE E PAIXÕES
Ainda existe na universidade a ideia de que a paixão se opõe à lógica. Esta tem cidadania nas relações e atividades acadêmicas; aquela, não. Portanto, pretende-se apresentar a universidade como um universo despassionalizado1, em que dominam a impessoalidade, a objetividade, os critérios de mérito, a argumentação lógica. Deseja-se lançar a paixão na esfera dos assuntos privados.
No entanto, à medida que a paixão movimenta os seres humanos à ação, não pode estar ausente da vida acadêmica, não pode deixar de definir as relações do eu com a instituição em que vive, não pode estar ausente das interações sociais. Na verdade, o que precisaria impulsionar a pesquisa deveria ser a curiosidade, o que necessitaria presidir ao ensino seria o entusiasmo.
No entanto, há muito tempo esses estados passionais desertaram das salas e dos corredores da academia. A curiosidade, definida por um querer saber, deveria ser modulada por um clímax de intensidade e por um máximo de extensidade2. Na realidade, os critérios burocráticos de produtividade estão levando a nenhuma curiosidade e ao encerramento em especialidades cada vez mais restritas. À medida que os pesquisadores vão se tornando cada vez mais especialistas, não têm nenhuma amplitude intelectual e passam a ver os pontos de vista teóricos com que trabalham como a verdade, que explica o objeto em toda a sua complexidade[...].
No entanto, os afetos marcam profundamente as relações acadêmicas. Não se trata do companheirismo ou da benevolência. O que governa a vida universitária são as paixões da morte: hostilidades, rancores, invejas, ressentimentos... Essa é a parte sombria da universidade.
Nas relações acadêmicas, o Eros3 está completamente ausente e o Thanatos4 reina triunfante. E o sentimento que domina tudo é o ressentimento.[...]
(Adaptado de: FIORIN, J. L. Semioticsofpassions: resentment. São Paulo: Alfa, v. 51, n. 1, p. 9-22, 2007).
Despassionalizado: Isento de paixões.
Extensidade: Um desejo irrefreável de saber de tudo.
Eros: deus da mitologia grega que personifica o sentimento amoroso.
Thanatos: deus na mitologia grega que personifica a morte.
Em relação aos elementos coesivos do texto, assinale a alternativa correta
A
No trecho “No entanto, na medida em que a paixão é o móvel a impelir os seres humanos à ação”, a expressão sublinhada expressa ideia de alternância e exclusão.
B
Em “À medida que os pesquisadores vão-se tornando cada vez mais especialistas”, a expressão destacada é uma conjunção subordinativa e semanticamente estabelece uma relação de proporcionalidade com a oração anterior.
C
Em “Ainda existe na universidade a ideia de que a paixão se opõe à lógica. Esta tem cidadania nas relações e atividades acadêmicas; aquela, não”, os pronomes sublinhados retomam, respectivamente, os substantivos “paixão” e “lógica”.
D
No trecho “Portanto, pretende-se apresentar a universidade como um universo despassionalizado, em que dominam a impessoalidade, a objetividade, os critérios de mérito, a argumentação lógica.”, a expressão em destaque pode ser substituída pela conjunção mas sem que a relação de sentido entre as orações seja comprometida.
E
Em “Essa é a parte sombria da universidade” sintetiza tudo o que fora citado anteriormente.
Respostas
respondido por:
9
Resposta:
B
Em “Á medida que os pesquisadores...
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