Budapeste
Fui dar em Budapeste graças a um pouso imprevisto, quando voava de Istambul a Frankfurt, com conexão para o Rio. A companhia ofereceu pernoite num hotel do aeroporto, e só de manhã nos informariam que o problema técnico, responsável por aquela escala, fora na verdade uma denúncia anônima de bomba a bordo. No entanto, espiando por alto o telejornal da meia-noite, eu já me intrigara ao reconhecer o avião da companhia alemã parado na pista do aeroporto local. Aumentei o volume, mas a locução era em húngaro, única língua do mundo que, segundo as más línguas, o diabo respeita. Apaguei a tevê, no Rio eram sete da noite, boa hora para telefonar para casa; atendeu a secretária eletrônica, não deixei recado, nem faria sentido dizer: oi, querida, sou eu, estou em Budapeste, deu um bode no avião, um beijo. Eu deveria estar com sono, mas não estava, então enchi a banheira, espalhei uns sais de banho na água morna e me distraí um tempo amontoando espumas. Estava nisso quando, zil, tocaram a campainha, eu ainda me lembrava que campainha em turco é zil. Enrolado na toalha, atendi à porta e topei um velho com uniforme do hotel, uma gilete descartável na mão. Tinha errado de porta, e ao me ver emitiu um ô gutural, como o de um surdo-mudo. Voltei ao banho, depois achei esquisito hotel de luxo empregar um surdo-mudo como mensageiro. Mas fiquei com o zil na cabeça, é uma boa palavra, zil, muito melhor que campainha. Eu logo a esqueceria [...].
No romance de Chico Buarque, o narrador precisou se hospedar em Budapeste por acaso, em razão de um problema aéreo. Segundo ele, “A companhia ofereceu pernoite num hotel do aeroporto”. O verbo “oferecer”, nessa oração, pode ser classificado como
A
intransitivo, pois o verbo “oferecer” foi empregado com sentido de “doação”, não necessitando de complemento.
B
transitivo direto, que tem por objeto direto o nome “pernoite”.
C
transitivo direto e indireto, cujos complementos são “pernoite” e “num hotel do aeroporto” respectivamente.
D
transitivo direto e indireto, pois se oferece algo a alguém, no caso, o objeto indireto é o próprio narrador.
E
transitivo indireto, tendo por complemento indireto a expressão “num hotel do aeroporto”.
Questão 2
Sobre o problema que impediu o narrador de continuar sua viagem, forçando-o a pernoitar em Budapeste, ele afirma que “de manhã nos informariam que o problema técnico [...] fora na verdade uma denúncia anônima de bomba a bordo”. Sobre a regência do verbo “informar”, observa-se que ele
A
aponta para a oração com função de objeto indireto: “que o problema técnico [...]”.
B
apresenta sentido de informar algo a alguém, sendo, portanto, transitivo direto e indireto.
C
é acompanhado somente pelo objeto direto nessa sentença, não havendo objeto indireto.
D
evidencia o objeto direto por meio do pronome oblíquo átono “nos”.
E
sinaliza que algo é informativo, fornece informação, sendo considerado um verbo intransitivo.
Questão 3
Sobre o uso de “lembrar” no trecho “eu ainda me lembrava que campainha em turco é zil”, observa-se
A
a ausência de preposição, pois “lembrar” não é um verbo pronominal, exigindo somente objeto direto.
B
a intransitividade do verbo, cujo sentido remete ao ato de lembrar, não exigindo complemento.
C
a presença do sentido de reciprocidade, ou seja, o narrador lembra-se a si mesmo.
D
um complemento pronominal, desempenhando a função de objeto indireto.
E
um desvio da norma-padrão, já que o correto seria “eu ainda me lembrava de que” ou "eu ainda lembrava que".
Questão 4
Ao ouvir a campainha, o narrador afirma: “Enrolado na toalha, atendi à porta”. Nessa frase, a expressão "à porta" é, sintaticamente,
A
adjunto adnominal.
B
complemento nominal.
C
objeto direto.
D
objeto indireto.
E
predicativo do sujeito.
Questão 5
Sobre a palavra “zil” que em turco significa “campainha”, o narrador constata que “logo a esqueceria”. O verbo “esquecer”, nesse caso,
A
é intransitivo, pois não apresenta complemento.
B
rege objeto direto e indireto, pois ambos estão presentes na oração.
C
é transitivo direto e indireto, pois se trata de verbo pronominal.
D
é transitivo direto e tem por objeto o pronome “a”.
E
é transitivo indireto, pois há na sentença a preposição “a”.
Respostas
Pergunta 1: A alternativa C esta correta. O vocábulo "oferecer" é um verbo transitivo direto e indireto, pois quem oferece algo, oferece algo a alguem.
Pergunta 2: A alternativa B. Assim como "oferecer" o verbo "informar" é transitivo direto e indireto. Visto que quem informa, informa algo a alguem.
Pergunta 3: A alternativa E é a correta. O verbo "lembrar" é transitivo indireto que exige a proposição "de".
Pergunta 4: A alternativa C é a correta. O verbo "atender" é transitivo direto.
Pergunta 5: A alternativa C é a correta. O verbo "esquecer" continua sendo transitivo direto ou indireto.
O que são verbos transitivos e intransitivos?
Verbos transitivos são aqueles que precisam de complemento para fazerem sentido, enquanto os intransitivos são o oposto. Por exemplo:
- José beijou Ana - sem o "Ana" a frase fica incompleta. O que José beijou?
- Escurecia vagarosamente - sem o "vagarosamente" escurecia ainda faria sentido e não precisaria do complemento.
Os verbos transitivos se dividem em dois: diretos e indiretos. Os diretos tem o objeto logo após o verbo, já os indiretos possuem o objeto precedido de preposição. Por exemplo:
- O piloto experimentou o novo carro - sem preposição, o "o" nesse caso é apenas artigo
- Ele obedeceu às regras - quem obedece, obedece à alguma coisa, ou sejam, preposição
Entenda mais sobre verbos em: brainly.com.br/tarefa/15122143
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