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Explicação:
No conto No Retiro da Figueira, de Moacyr Scliar, o narrador-personagem
relata sua experiência, da sua família e de outras famílias
sobre a perspectiva de viver em um condomínio fechado cujo nome dá
título ao conto. Assustados com a violência e a insegurança
dos grandes centros urbanos, as famílias descobrem no condomínio
divulgado através de um prospecto, a solução para seus
problemas, por mais que tal promessa de felicidade dê origem à
desconfiança, como se pode perceber já na primeira frase do conto:
“Sempre achei que era bom demais.”
Um prospecto publicitário constitui um elemento essencial ao conto.
Ao longo das três primeiras páginas, podem ser recolhidas as seguintes
alusões a este pedaço
de papel que decide o destino das personagens
Como se pode notar, este prospecto colorido é fundamental, pois é
através dele que as pessoas descobrem a existência do Retiro da
Figueira e se interessam
tanto que decidem visitar o local e garantir a compra de uma residência
sem demora, pois em poucos dias todas as unidades são vendidas. O que
o prospecto contém é atraente sob todos os sentidos: imagens de
casas sólidas e bonitas, gramados, parques, pôneis, lago, campo
de aviação, árvores, pássaros e um sistema de segurança
desenvolvido com alta tecnologia. Na chegada ao local, os candidatos a compradores
e, em seguida, moradores, comprovavam a fidelidade das imagens do prospecto,
além de entrar em contato com a gentileza e a amabilidade dos guardas.
O prospecto e a realidade permanecem coincidentes durante pouco mais de um
mês. Passado este período, começam os dissabores: a sirene
de alarme começa a
tocar e os condôminos, por quatro dias seguidos, são impedidos
de sair do salão de festas, o local determinado para a concentração
de todos em caso de emergência. Até que um jato pousa no campo
de aviação, transportando um homem com uma maleta que é
entregue aos guardas. Eles partem junto com o avião e com o dinheiro
pago pelo resgate dos moradores seqüestrados do Retiro da Figueira. De
felizardos habitantes de um paraíso, todos passam à condição
de vítimas e reféns.
É interessante observar que o prospecto não é a única
fonte de disseminação das imagens simuladas. Os personagens confirmam
ao vivo as maravilhas que tinham
sido apresentadas sob a forma impressa. Mesmo assim, o estado de coisas não
é mantido por muito mais do que um mês. A armadilha não
tarda a ser revelada, confirmando a suposição do narrador-personagem,
para quem tudo “era bom demais”.