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Francisco de Miranda concebia a formação de um grande império latino-americano, que compreenderia desde o sul dos Estados Unidos até a Argentina, e teria o nome de Colômbia, em homenagem a Cristóvão Colombo. Enfim, em 1806, partindo dos Estados Unidos e contando com o apoio britânico, desembarcou em Coro, porto da Venezuela, pronto para pôr seus planos em ação. Nesse episódio, vale lembrar, a bandeira da atual Venezuela era o estandarte dos revolucionários.
Contudo, nesse momento, a elite criolla da Venezuela ainda não desejava a independência nem via com bons olhos o apoio estrangeiro à causa de Miranda, pois temia uma simples mudança de metrópole (da Espanha para a Inglaterra). Assim o líder revolucionário não conseguiu apoio e teve que fugir dez dias depois de seu desembarque.
Inicio da luta pela independência
Em 1808, quando Napoleão Bonaparte aprisionou o rei espanhol Fernando VII e impôs seu irmão, José Bonaparte, como rei da Espanha, a elite criolla venezuelana vislumbrou a possibilidade da formação de um cabildo abierto em Caracas, ou seja, um cabildo com a livre participação de criollos.
Essa era uma questão política que afligia os criollos há muito tempo, pois só os espanhóis de nascimento - os chapetones -, mandados para a América pela coroa espanhola, tinham plenos direitos políticos nas colônias. A crise espanhola abriu uma brecha no sistema de dominação metropolitana, e os criollos queriam se aproveitar dela para poder assumir o controle local.
Dessa forma se instaurou na Capitania Geral da Venezuela um conflito: de um lado, os espanhóis e os comerciantes, chamados de realistas, ligados diretamente ao mercado espanhol, que defendiam a submissão de Caracas às Cortes Espanholas; do outro lado, os criollos, chamados de patriotas, que queriam a autonomia da capitania.
Um ano antes, em 1807, Simón Bolívar, um militar criollo venezuelano, tinha retornado a Caracas. Na Europa frequentara reuniões liberais, algumas delas em companhia de Francisco de Miranda. Bolívar era um grande defensor da independência americana e, nesse processo, passou a ser um dos líderes dos patriotas.
Em janeiro de 1809, um novo governador chegou à Capitania da Venezuela, Vicente Emparan. Como era muito difícil a comunicação entre a Espanha e a América, os venezuelanos não sabiam ao certo se Emparan era um representante das Juntas Espanholas (a favor de Fernando VII) ou um político afrancesado (nome dado aos que defendiam a dominação francesa sobre a Espanha).
Nessa situação, em 19 de abril de 1810, os criollos de Caracas decretaram a formação de uma Junta Governativa, obrigando Emparan a renunciar ao governo da Capitania e expulsando todos os espanhóis da administração e do território venezuelano