• Matéria: Português
  • Autor: leonardo6719
  • Perguntado 6 anos atrás

Olhe, ali, na restinga, à sombra daquela mesma reboleira de mato que está nos vendo, na beira do

passo, desencilhei; e estendido nos pelegos, a cabeça no lombilho, com o chapéu sobre os olhos, fiz

uma sesteada morruda.

Despertando, ouvindo o ruído manso da água tão limpa e tão fresca rolando sobre o pedregulho, tive

ganas de me banhar; até para quebrar a lombeira... e fui-me à água que nem capincho!

Debaixo da barranca havia um fundão onde mergulhei umas quantas vezes; e sempre puxei umas

braçadas, poucas, porque não tinha cancha para um bom nado.

E solito e no silêncio, tornei a vestir-me, encilhei o zaino e montei. Daquela vereda andei como três

léguas, chegando à estância cedo ainda, obra assim de braça e meia de sol.

— Ah! . .. esqueci de dizer-lhe que andava comigo um cachorro brasino, um cusco mui esperto e bom

vigia. Era das crianças, mas às vezes dava-lhe para acompanhar-me, e depois de sair a porteira, nem

por nada fazia cara-volta, a não ser comigo. E nas viagens dormia sempre ao meu lado, sobre a ponta

da carona, na cabeceira dos arreios.

Por sinal que uma noite...

Mas isso é outra cousa: vamos ao caso.

Durante a troteada bem reparei que volta e meia o cusco parava-se na estrada e latia e corria pra trás,

e olhava-me, olhava-me e latia de novo e troteava um pouco sobre o rastro; — parecia que o bichinho

estava me chamando! ... Mas como eu ia, ele tornava a alcançar-me, para daí a pouco recomeçar.

— Pois, amigo! Não lhe conto nada! Quando botei o pé em terra na ramada da estância, ao tempo que dava as

— boas tardes! — ao dono da casa, aguentei um tirão seco no coração... não senti na cintura o peso da guaiaca!

Tinha perdido trezentas onças de ouro que levava, para pagamento de gados que ia levantar.

E logo passou-me pelos olhos um clarão de cegar, depois uns coriscos tirante a roxo... depois tudo me

ficou cinzento, para escuro...

Eu era mui pobre — e ainda hoje, é como vancê sabe... —; estava começando a vida, e o dinheiro era

do meu patrão, um charqueador, sujeito de contas mui limpas e brabo como uma manga de pedras...

Assim, de meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam:

— Então patrício? Está doente?

— Obrigado! Não senhor, respondi, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça: perdi uma

dinheirama do meu patrão...

— A la fresca!...

— É verdade... antes morresse, que isto! Que vai ele pensar agora de mim!...

— É uma dos diabos, é... mas; não se acoquine, homem!Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo, e logo correu

para a estrada, aos latidos. E olhava-me, e vinha e ia, e tornava a latir...

Ah!... E num repente lembrei-me bem de tudo. Parecia que estava vendo o lugar da sesteada, o banho,

a arrumação das roupas nuns galhos de sarandi, e, em cima de uma pedra, a guaiaca e por cima dela o

cinto das armas, e até uma ponta de cigarro de que tirei uma última tragada, antes de entrar na água, e

que deixei espetada num espinho, ainda fumegando, soltando uma fitinha de fumaça azul, que subia,

fininha e direita, no ar sem vento...; tudo, vi tudo.

Estava lá, na beirada do passo, a guaiaca. E o remédio era um só: tocar a meia rédea, antes que outros

andantes passassem.

[...]

No texto lido, há palavras que podem causar estranheza ao significado. Anote as expressões cujos

significados você desconhece. Que tal tentar descobrir, observando os períodos/frases em que elas

aparecem? Caso não seja possível descobrir os significados, consulte o dicionário físico ou online.




2 Após a leitura e análise do excerto do conto, responda às perguntas a seguir:

a. Releia esse trecho: “Pois, amigo! Não lhe conto nada! Quando botei o pé em terra na ramada

da estância, ao tempo que dava as — boas tardes! — ao dono da casa, aguentei um tirão seco no

coração... não senti na cintura o peso da guaiaca!”

Esse trecho se refere a uma das falas do narrador-personagem. Como pode ser caracterizada essa

personagem, a partir da linguagem utilizada por ela?b. Pelas características da personagem que narra a história, em que lugar do Brasil se passam os

fatos narrados? Justifique.

c. Que palavras ou expressões do texto permitem chegar à conclusão de que “cusco brasino” se

refere a esse animal? Como o animal é descrito?

3 Vamos analisar os elementos que constituem a estrutura do conto?

a. Lugar:

b. Tempo:fatos narrados? Justifique.

c. Que palavras ou expressões do texto permitem chegar à conclusão de que “cusco brasino” se

refere a esse animal? Como o animal é descrito?

3 Vamos analisar os elementos que constituem a estrutura do conto?

a. Lugar:

b. Tempo:

LÍNGUA PORTUGUESA | 7

c. Personagens:

d. Narrador:

e. Enredo:​

Respostas

respondido por: magdiellsouza
3

a resposta correta é a d)narrador


fabianamariacvk: Presiso disso tb gente isso não é para assinalar é pra responder ‍♂️
alinemarbella555: vdd
alinemarbella555: TwT
genestaichi: vdd n tem alternativa e os caras fica com gracinha não sabe então não estraga
genestaichi: vdd n tem alternativa e os caras fica com gracinha não sabe então não estraga
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