30. Leia o soneto a seguir: Psicologia de um vencido Já o verme - este operário das ruínas - Eu, filho do carbono e do amoníaco, Que o sangue podre das carnificinas Monstro de escuridão e rutilância, Come, e à vida em geral declara guerra, Sofro, desde a epigênesis da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Profundissimamente hipocondríaco, Na frialdade inorgânica da terra! Este ambiente me causa repugnância… Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Augustos do Anjos Que se escapa da boca de um cardíaco. A partir desse soneto, é correto afirmar: I - Ao se referir como filho do carbono e do amoníaco, o eu lírico desce ao limite inferior da materialidade biológica, pois, pensando em termos de átomo ( carbono) e moléculas ( amoníaco), que são estudados pela Química, constata-se uma dimensão onde não existe qualquer resquício de alma ou de espírito. II - O amoníaco, no soneto, é uma metáfora da alma, pois, segundo o eu lírico, o homem é composto de corpo ( carbono) e alma ( amoníaco) e, no fim da vida, o corpo ( orgânico) acaba, apodrece, enquanto a alma ( inorgânica) mantém-se intacta. III - O soneto principia descrevendo as origens da vida e termina descrevendo o destino final do ser humano; retrata o ciclo da vida e da morte, permeado de dor, de sofrimento e da presença constante e ameaçadora da morte inevitável. Está (ão) correta (s) A) Apenas II. B) Apenas III. C) Apenas I e II. D) Apenas I e III. E) Apenas II e III.
Respostas
Resposta:
Apenas I e III
Explicação:
Questão da UFSM-RS, exercícios sobre Augusto dos Anjos
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Alternativa D) I e III
I - De fato, o autor se refere a composição biológica do corpo humano quando da passagem "eu, filho do carbono e do amoníaco".
II - FALSO: Não há referência, no soneto, a alma do homem, muito menos a sua durabilidade.
III - O ator descreve o início da vida com a expressão "sofro, desde a epigênese da infância, a influência má dos signos do zodíaco", para depois referir-se a brevidade da vida e inevitabilidade da morte.
O soneto de Augusto dos Anjos, denominado de psicologia do vencido, representa o movimento naturalista, ao tratar o homem como produto do meio em que vive e animalizá-lo, reduzindo-o a uma existência carnal.
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