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Baixo incentivo e pouco investimento: a base do futebol feminino no Brasil
ARQUIBANCADA
12 jun 2019 | Por Crisley Santana ([email protected])
Se a trajetória de grandes nomes do futebol masculino teve início, em sua maioria, já na infância, não podemos dizer o mesmo da modalidade feminina. Com baixo incentivo, a prática futebolística é pouco disseminada para elas. Os resultados são poucos centros de prática voltados para o público feminino, poucas meninas nas escolas de futebol, e, consequentemente, menos esperança de um esporte igualitário.
A questão de desigualdade no esporte não é atual, especialmente no futebol. Salários, incentivo e a valorização que é dada aos atletas difere quando se trata de homens e mulheres. O ínicio da carreira desses atletas difere da mesma forma. O Arquibancada entrou em contato, por telefone, com algumas Escolas de Futebol da cidade de São Paulo, no início de 2018, e foi fácil perceber a discrepância: poucas foram as escolas que possuíam um número maior que cinco meninas matriculadas, contando com todas as modalidades. A esmagadora maioria dos alunos das chamadas escolinhas de futebol eram meninos.
Para o professor de Educação Física Edison Baccani, que ministra o curso de Futebol Feminino no Centro de Práticas Esportivas da USP (CEPEUSP), esse fato se dá por uma crença cultural de que o futebol é um esporte masculino. Para ele, principalmente as gerações anteriores, permanecem afirmando que “é coisa de homem”, e assim, para as mulheres, o incentivo acaba sendo para práticas como vôlei e ginástica.
Além disso, o professor salientou que falta investimento e incentivo. “A escola deveria investir mais na modalidade, assim como o governo. E é besteira afirmar que não há espaço para a prática, o que não há é incentivo, organização e políticas efetivas voltadas ao esporte”. Edison destaca, ainda, que o futebol é visto como um esporte somente para profissionais, para quem já sabe jogar, e isso é outro problema. Segundo ele, esse olhar acaba afastando algumas pessoas e as mulheres são especialmente afetadas, até porque na maioria dos casos, não estão inseridas no mundo futebolístico. “Esporte é saúde. A prática pela prática já é importante”, acrescentou Edison.
Júlia, jogadora sub-17 do time feminino do Audax Osasco, que o diga. Ela iniciou sua trajetória na “prática pela prática”, jogando com meninos na rua. Atualmente, além de jogar pelo Audax, a atleta também treina futebol através do projeto social do time Catumbi F.C.
A jogadora é um dos poucos exemplos de meninas que iniciaram a trajetória ainda na infância e, apesar de seguir firme, ela afirma já ter sido muito desencorajada a jogar bola. “Ouvi muito que futebol não era para menina, que menina tinha que ir brincar de boneca, que futebol é coisa para homem, mas eu não ligava”. Ela diz também já ter visto algumas meninas desistirem de praticar o esporte por conta de comentários de outros meninos e da própria família, mas aconselha: “não ouça o que o povo fala, isso acaba ficando na mente. Se você gosta mesmo da coisa vai em frente”.
Resistência por parte da família é uma realidade que também foi apontada pela coordenadora da Escola de Futebol Meninos da Vila Jaguaré Sandra Alves. Ela disse que apesar do crescimento do número de meninas que praticam futebol, ainda há resistência por parte das mães, pois muitas não acham esse esporte adequado para meninas. Mesmo assim, Sandra acredita que no futuro existirão excelentes jogadoras, principalmente porque os grandes times começaram a investir na modalidade. “Por exemplo, o Santos tem as Sereias da Vila. Elas foram Campeãs Brasileiras em 2017. No último workshop das franquias (das escolas Meninos da Vila), ano passado, tivemos oportunidade de assistir a um treino delas”.