• Matéria: Português
  • Autor: evenilsons578
  • Perguntado 5 anos atrás

A partir dos textos de leitura complementar de Jaspers (texto e de Bencivenga (texto a faca
uma dissertação sobre o que é filosofia".​

Respostas

respondido por: gustavoviniciosb
0

Resposta:

Explicação:

MARIA LÚCIA DE ARRUDA ARANHA

Professora de Filosofia na rede particular do ensino de São Paulo

MARIA HELENA PIRES MARTINS

Professora da Escola de Comunicação e Artes da USP

Autoras de Filosofando,

Editora Moderna  

CAPÍTULO 6

O conhecimento filosófico

Conta a tradição que Diógenes, filósofo grego da escola cínica, século IV a.C., dis­cípulo de Antístenes, aceitando o princípio de que para atingir a verdadeira felicidade é necessário "viver como um cachorro", abandona sua casa e passa a viver em um barril.

Já Euclides, da escola pitagórica, também do século IV a.C, ouviu esta pergunta de um discípulo:

— Mestre, o que ganharei aprendendo geometria?

Como resposta, o famoso geômetra e filó­sofo ordenou a um escravo:

—Dê-lhe uma moeda, uma vez que pre­cisa ganhar algo, além do que aprende.

Essas histórias e muitas outras, que relatam a excentricidade de filósofos antigos e modernos, revelam a imagem mais comum que temos dessas pessoas: são indivíduos com "a cabeça na lua", preocupados com problemas que nada têm a ver com o cotidiano ou com a vi­da prática.

Mas se o filósofo fosse assim, por que, então, condenar Sócrates, na Gré­cia antiga, a morrer bebendo cicuta? Por que proibir a leitura dos livros de Karl Marx?

Talvez a divulgação da imagem do fi­lósofo como sendo uma pessoa "desli­gada" do mundo seja exatamente a de­fesa da sociedade contra o "perigo" que ele representa. Perigo? Que perigo po­de representar um homem que só faz discursos? Que só lida com a palavra?

 

PRIMEIRA PARTE — O que é filosofia

A tarefa da filosofia

 

A filosofia é um modo de pensar, é uma postura diante do mundo. A filo­sofia não é um conjunto de conheci­mentos prontos, um sistema acabado, fechado em si mesmo. Ela é, antes de mais nada, uma prática de vida que procura pensar os acontecimentos além da sua pura aparência. Assim, ela po­de se voltar para qualquer objeto. Po­de pensar a ciência, seus valores, seus métodos, seus mitos; pode pensar a re­ligião; pode pensar a arte; pode pen­sar o próprio homem em sua vida coti­diana. Uma história em quadrinhos ou uma canção popular podem ser objeto da reflexão filosófica.

A filosofia é um jogo irreverente que parte do que existe, critica, coloca em dúvida, faz perguntas importunas, abre a porta das possibilidades, faz-nos en­trever outros mundos e outros modos de compreender a vida.

A filosofia incomoda porque questio­na o modo de ser das pessoas, das cul­turas, do mundo. Questiona as práti­cas política, científica, técnica, ética, econômica, cultural e artística. Não há área onde ela não se meta, não inda­gue, não perturbe. E, nesse sentido, a filosofia é perigosa, subversiva, pois vi­ra a ordem estabelecida de cabeça para baixo.

Podemos, agora, perceber a razão da condenação de Sócrates na Antigüida­de ou da proibição da leitura de Karl Marx no Brasil pós-64. Ambos foram (e são, ainda) subversivos, perigosos, pois, ao indagar sobre a realidade de sua época, fizeram surgir novas possi­bilidades de comportamento e de rela­ção social. Do ponto de vista do poder estabelecido, mereceram a morte e/ou o banimento de suas obras.

Perguntas similares