UMA FLAUTA E OUTRA FLAUTA
“Eu quero estudar flauta!”
Era assim que eu falava, todos os dias, no almoço e no jantar. Até que meus pais se deram conta de que
eu não estava brincando e me puseram na aula de música.
A mania da flauta começou quando meu avô me levou para assistir a um concerto. Meu primeiro concerto:
eu tinha cinco anos.
Lembro até hoje da orquestra, que parecia enorme, ocupando de lado a lado o palco, que parecia
gigantesco. Os músicos estavam todos de fraque e gravata-borboleta. As poucas mulheres da orquestra vinham
muito arrumadas, com vestido longo e sapatos de bico fino.
Ainda sei o nome da orquestra: English Chamber Orchestra, que em português quer dizer “Orquestra de
Câmara Inglesa”. O maestro era um velhinho de cabelo branco que regia apoiado no pódio, para não cair.
Chamava-se John Barbirolli, ou, para ser mais exato, sir John Barbirolli. Tinha recebido um título de nobreza
da rainha da Inglaterra por ser muito bom regente.
Tudo isso eu lembro, mas não me comove muito. Quanto mais a gente cresce, mais vai acumulando
lembranças. Mas existem as recordações frias — de coisas, fatos, pessoas, bichos, palavras, ideias, vontades
— e memórias de outra natureza, que a gente vive de novo quando se lembra. Às vezes é justamente aquilo
que a gente acha que esqueceu que na verdade fica guardado mais fundo. É o caso do flautista daquela
orquestra.
Não penso muito nele, nem lembro o seu nome. Mas mais de trinta anos depois daquela noite eu ainda
escuto, às vezes, o som da sua flauta. De pé na frente da orquestra, ao lado de sir John, o flautista parecia um
embaixador de outro mundo, falando uma outra língua, sem palavras, que, no entanto, eu compreendia como
se fosse minha. E o que ele dizia era algo muito importante.
Não sabia ainda o que era, mas já pressentia, meio maravilhado, que talvez fosse a explicação de tudo:
das coisas, fatos, pessoas, bichos, palavras, ideias e vontades que compunham juntos a minha vida, aos cinco
anos de idade. Aquela música vinha animar tudo isso de um sentido novo, que eu já esquecera no dia seguinte,
mas que até hoje continuo tentando lembrar.
NESTROVSKI, Arthur. O livro da música. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2000. p. 11-12. (Fragmento).
Responda:
1. No texto, o narrador relata uma experiência importante que viveu. Que fato marcante está sendo relembrado
pelo narrador nesse relato? __________________________________________________________________
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2. Sabemos que narrador é aquele que conta a história. Quem é o narrador desse relato? _______________
3. Como o autor conseguiu convencer seus pais de que ele queria estudar flauta? ________________________
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4. O narrador afirma que não pensa muito no flautista daquela orquestra nem lembra o seu nome. Por que, no
entanto, ele é importante para o relato? ________________________________________________________
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5. Explique o título “Uma flauta e outra flauta”, considerando o que é narrado no relato.
Respostas
respondido por:
16
Resposta:
a) Que fato marcante está sendo relembrado pelo narrador nesse relato?
r)O narrador relembra o primeiro concerto que viucom seu avô,quando tinha 5 anos de idade.
Explicação:
so sei a a)
respondido por:
5
Resposta:
2: Arthur nestrovski
Explicação:
ou seja e o próprio menino já adulto
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